"The Walking Dead": Folhetim zombie

Frank Darabont, obrigado por teres arruinado uma das melhores bandas-desenhadas de sempre. Continua assim, meu

The Walking Dead, a banda-desenhada do Robert Kirkman
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The Walking Dead, a banda-desenhada do Robert Kirkman
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"Full disclosure": tenho um poster do "Night of the Living Dead" (1968) no quarto e voltei a ler "comics", depois de um interregno de dez anos, por causa de "The Walking Dead", a banda-desenhada do Robert Kirkman. Adoro zombies.

Vá-se lá saber porquê, achava que adaptar "The Walking Dead" para o pequeno ecrã era uma óptima ideia. Se cada duas ou três revistas dessem um episódio, isso queria dizer que os primeiros trinta e muitos, quarenta, já estavam escritos e que quando esses acabassem já havia material para pelo menos mais uma temporada. A coisa tinha tudo para correr bem. É claro que, na vida real, nada corre bem. Nunca.

"The Walking Dead", a série de Frank Darabont (que entretanto foi despedido, mas não por ter feito uma adaptação abjecta), até começa bem. O primeiro episódio é fiel aos "comics", os actores não parecem ser os piores de sempre e os zombies não correm. Mas já diziam os antigos: episódios pilotos iludem. O segundo capítulo revela-se um festim de tiros no pé. Há péssimas personagens novas que são completamente unidimensionais e nunca apareceram nos livros, percebemos que afinal aqueles actores não têm carisma absolutamente nenhum. Ah... e os zombies mais parecem maratonistas.

O pior nem é o facto de a série se afastar muito do original. Ou de os zombies mais parecerem o Flash. Sim, isso é tudo irritante, principalmente quando se é um "nerd" alérgico à mudança, como é o meu caso, mas não é o pior. O pior é que esta adaptação está para lá de mal escrita, ficando a anos-luz da melhor televisão americana. Ou seja, o contrário da banda-desenhada, que é um marco do género, com bons diálogos e personagens cativantes, às quais nos afeiçoamos mesmo sabendo que vão morrer passado um bocado.

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Os zombies mais parecem maratonistas DR

Sublinhe-se que não há uma única personagem cativante na série. Nem sequer o protagonista. A culpa é dos diálogos maçadores e imemoráveis, misto de clichés e frases embaraçosamente lamechas. Tão maus que, muitas vezes, dou por mim a desejar que um zombie qualquer mate aquelas pessoas só para acabar com o meu sofrimento (o sofrimento delas não importa, nada nelas importa). Os actores, já agora, também têm algumas culpas neste cartório.

Ora, uma série precisa de personagens memoráveis como um zombie precisa de comer carne humana. Sem elas, nada nos faz ligar a televisão. Certo? Errado, aparentemente. O primeiro episódio da segunda temporada de "The Walking Dead" foi o mais visto da história da AMC, o canal que transmite clássicos como "Mad Men" e "Breaking Bad". Em Portugal, a série é uma das grandes apostas da Fox, que também já começou a transmitir os novos episódios.

Estes números não deixam de fazer sentido. Num mundo em que "sitcoms" terríveis como "Two and a Half Man" são sucessos de audiência e "procedurals" como os vários "CSI" rendem milhões, é natural que a série adaptada por Frank Darabont também seja um êxito. Outra coisa que já diziam os antigos: a qualidade não compensa.

Artigo corrigido às 19h01

O autor da série é Frank Darabont e não Frank Daramont, como estava incorrectamente escrito.

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