Era a mais antiga esquadra da Guiné-Bissau. Está a ser transformada na Casa dos Direitos. Por estes dias, a Fátima Proença, da Associação para a Cooperação Entre os Povos (ACEP), anda por lá, às voltas com o empreiteiro. Levar-me-á à obra nesta quinta-feira, quando despertar da minha primeira noite em Bissau.
Há uns meses, sentou-se no chão de uma livraria, no centro do Porto, com um monte de papéis à frente. Traçou-me um diagnóstico: as organizações não governamentais da Guiné-Bissau têm dificuldades em combinar estratégias para defender os direitos humanos; padecem de escassez de recursos; falta-lhes conhecimento especializado, informação de qualidade.
Há organizações com diversas abordagens aos direitos e à sua realização. Garantia-me ela, com aquele seu entusiasmo, que seis delas, umas maiores, outras mais pequenas, estão com vontade de unir esforços. Irão colaborar neste projecto, na Casa dos Direitos, que sendo uma casa, será mais do que uma casa, será "uma rede de recursos para a paz e para o desenvolvimento".
A Casa dos Direitos funcionará como um centro de documentação, de formação, de debate – e de trabalho para a Liga Guineense de Direitos Humanos e outras organizações. A ideia é criar um espaço de referência, uma instância de diálogo. Haverá um programa anual com acções abertas ao púbico em geral – uma exposição fotográfica, uma publicação em formato papel, um produto multimédia, debates. Neste primeiro ano, o tema é a mulher.
E é isso. Às 19 horas desta quarta-feira, 19 de Outubro de 2011, apanho um avião para a Guiné-Bissau. Durante três semanas, percorrerei o país a recolher histórias de vida que sejam, de algum modo, exemplificativas do exercício e da violação dos direitos das mulheres.
Para mim, não será "mais uma" viagem, "mais um" trabalho, "mais um" mergulho num quotidiano alheio. Este será – já é – o meu projecto de voluntariado no Ano Europeu do Voluntariado. E dele vos irei dando conta, ao ritmo que for possível, nas próximas semanas.