É a geração "à rasca" que dá nome ao primeiro livro de Ana Filipa Pinto. Geração a que também pertence. Licenciada, desde 2010, em Ciências da Comunicação, na vertente de Jornalismo, na Universidade Nova de Lisboa, Ana nasceu em 1989, em Oliveira do Hospital.
Destacou-se como melhor aluna do curso e recebeu a Bolsa de Mérito e Excelência. Mas este facto não a exclui da actual geração precária. "Claro que enviar currículos e não obter sequer 'o seu e-mail foi recebido com sucesso' é, no mínimo, frustrante e há momentos em que nos questionamos para quê tanto esforço. Mas outras vitórias virão", confessa Ana Filipa.
A difícil entrada num mercado de trabalho, que não acolhe quase ninguém, desilude os mais jovens. Ana Filipa defende que a criação de novos projectos é essencial, mas que também é necessário que o país crie infra-estruturas que "absorvam essa vontade".
Como membro da geração "à rasca", a jornalista admite que "gostaria de ter encontrado, não facilitismo, mas mais facilidades". Infelizmente "à rasca" está o país inteiro", adianta.
No entanto, acredita nas capacidades da geração a que pertence: "Estamos cá para tentar reinventar o que temos. Acredito que esta geração tenha ferramentas e capacidade, não só para dar a volta a isto, mas para fazer deste país algo melhor. De certa forma também me sinto feliz por pertencer a esta geração porque acredito muito nela”.
Paixão pelo jornalismo
"Gostava de contar uma história muito engraçada, mas efectivamente não a tenho". Ana Filipa assume que o desejo de seguir uma carreira no jornalismo surgiu aos 14 anos, mas que o gosto pela escrita sempre esteve presente: "Larguei os brinquedos cedo para começar a pegar nos livros".
A área da rádio sempre lhe suscitou alguma curiosidade: "Em criança, aos meus 4 anos de idade, preferia ir fazer os discos pedidos directamente à rádio, porque achava que por telefone não tinha piada".
Actualmente, trabalha na área da comunicação estratégica e, já aí, mostra um exemplo de quem não segue a área com que sempre sonhou: "De qualquer forma, posso dizer que sou uma felizarda, porque não estou fora totalmente daquilo que é a área da minha formação, que é a comunicação".
"Quero acreditar que o mercado vai dar a volta e que, daqui a um ano ou dois, isto seja apenas uma história para contar".