O movimento que ficou conhecido por no dia 12 de Março ter conseguido juntar nas ruas de Lisboa cerca de 200 mil pessoas – e mais 100 mil em todo o país – numa manifestação contra a precariedade laboral e vários outros assuntos relacionados com a crise internacional, avança agora para um novo protesto que coincide com um outro que terá lugar em Espanha.

“O dia 15 de Outubro foi escolhido por ser uma manifestação internacional de solidariedade com Espanha, sendo que há questões transversais aos dois países”, explicou ao PÚBLICO Paula Gil, uma das fundadoras do protesto “Geração à Rasca”, que deu entretanto origem ao Movimento 12 de Março (M12M). Em Espanha, no mesmo dia, acontecerá um protesto marcado pela plataforma Democracia Real Já, que também organizou a manifestação que teve lugar em Madrid no passado mês de Maio.

Mas Paula Gil esclarece que em Portugal existem outros motivos muito concretos que justificam que o país avance para uma nova acção em nome da coesão social. “No caso de Portugal tem havido um claro défice de democracia participativa, nomeadamente com as recentes medidas de austeridade. Estamos a pagar uma dívida sem saber como nem porquê e sem haver uma consulta pública sobre o assunto. Mais uma vez, e de forma injusta, são os mais vulneráveis que vão pagar a crise. Precisamos de imparcialidade na aplicação de medidas para impedir favorecimentos”, reforçou Paula Gil.

A responsável explicou que além do M12M existem outros organizadores do protesto 15 de Outubro, como o movimento Precários Inflexíveis ou a Acampada Lisboa, que deu origem ao acampamento que teve lugar durante vários dias no Rossio, em pleno centro de Lisboa. “Num momento como este é preciso haver união para fazermos compreender que a inevitabilidade não é inevitável e que nas medidas que se tomam as pessoas não podem ser pensadas enquanto números”, disse. O protesto já tem uma página no Facebook intitulada 15 de Outubro a Democracia sai à rua! que dá pormenores sobre o ponto de encontro (às 15h00 no Marquês de Pombal) e o percurso da manifestação.

A data marcada para o novo protesto – para o qual esperam uma grande adesão – coincide também com o dia limite para a entrega do novo Orçamento do Estado que vigorará em 2012 e surge numa altura em que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, tem vindo a apelar à calma social e à compreensão das medidas tomadas para cumprir o memorando de entendimento assinado com a troika.

Questionada sobre se marcaram esta nova acção como forma de provocação, Paula Gil lembrou que desde o dia 12 de Março que têm vindo a desenvolver e a programar novas formas de protesto e assegurou que apenas querem “exercer um direito, o direito à manifestação, mas de forma cívica, ordeira e não violenta” – ao contrário do que tem acontecido noutros países, nomeadamente no Reino Unido.