Eva Levi começa por quebrar o gelo no início da conversa com o P3, sobre a crise económica e social que se vive na Grécia. "Sou uma das poucas pessoas sortudas que ainda não perderam o emprego", conta. A bióloga molecular de 36 anos não vai trabalhar, diariamente, com medo de ser despedida e não viu o seu salário ser cortado ("ainda!", ressalva), uma vez que trabalha no sector privado.
Mesmo assim tem de suportar o aumento dos impostos e dos preços em geral. "Tudo está mais caro e é mais difícil sobreviver e ultrapassar as dificuldades de todos os dias", diz.
"Imagino como deve ser difícil para uma família jovem com filhos, em que o marido perdeu o emprego e a mulher trabalha no sector público, por exemplo, com uma hipoteca para pagar. Não têm esperança e não fizeram nada de errado para merecer isso", reflecte Eva. "Todos nós estamos sob stress, sentimos medo e raiva porque os políticos adoptam medidas injustas e a curto prazo."
"Annus horribilis"
Para Eva Levi, que fez um doutoramento no Reino Unido e trabalha no departamento médico de uma grande companhia farmacêutica, os jovens gregos vivem numa atmosfera que, no geral, "é má".
Quase toda a gente conhece alguém que perdeu o emprego ou que tem um negócio em maus lençóis, à beira da falência. "Há imensas lojas a fechar”, conta Eva. Essa situação "espalha o medo" entre os mais jovens, que vivem "com a corda no pescoço".
"Estamos à espera para ver como as coisas se vão resolver. Acredito que este vai ser um ano muito mau", diz Eva. Para o tentar combater – ou melhor, para lhe tentar sobreviver -, os jovens da Grécia tentam poupar, como qualquer outra pessoa faria.
Apanhar um táxi quando uma viagem de autocarro um pouco mais longa é a alternativa passou a ser "um luxo". "Evitamos fazer compras excessivas e desnecessárias ou frequentar restaurantes mais caros." Mas do que os jovens gregos não abdicam é do entretenimento ou de sair. "Especialmente para comer", revela Eva.
Notícia corrigida em 11/10/11