Ronaldo terá utilizado paraísos fiscais para proteger os seus hotéis
Documentos do Football Leaks obtidos pela Der Spiegel sugerem novas estruturas offshore do futebolista português no Luxemburgo e Jersey.
Acusado pelo Ministério Público espanhol de ter beneficiado de uma rede de paraísos fiscais para ocultar rendimentos provenientes dos seus direitos de imagem e a poucas semanas de saber se irá ser julgado em Espanha por evasão fiscal, Cristiano Ronaldo está novamente debaixo do olho da imprensa internacional devido à revelação de novas estruturas offshore utilizadas no alegado esquema.
De acordo com os novos documentos do site Football Leaks, obtidos pela revista alemã Der Spiegel, e analisados pelo consórcio European Investigative Collaborations (EIC) – que junta vários meios de comunicação europeus –, o futebolista português terá utilizado uma holding no Luxemburgo e um trust em Jersey para gerir e proteger os seus hotéis.
O El Mundo escreve que a corporação luxemburguesa CRS Holding administrava as participações do capitão da selecção nacional em vários negócios turísticos que eram propriedade do CRS Trust, localizada na ilha de Jersey.
Representantes de Cristiano Ronaldo contactaram a EIC para informar que as autoridades tributárias espanholas “sempre tiveram conhecimento da existência” das referidas sociedades e do seu proprietário – o futebolista português.
O nome do jogador do Real Madrid não consta, no entanto, em nenhum dos documentos públicos das firmas do Luxemburgo e de Jersey. No seu lugar, noticia o jornal espanhol – que integra a EIC –, está o nome de uma empresa intermediária chamada Private Trustees. Ainda assim, os documentos do Football Leaks mostram que o português é “o único beneficiário” do esquema.
Ronaldo é acusado de quatro delitos de fuga ao fisco, por actos cometidos entre 2011 e 2014 e que envolvem uma fraude avaliada em 14,7 milhões de euros.
Se os rendimentos forem taxados como manda a lei, não existe qualquer ilegalidade em recorrer a paraísos fiscais. A justiça espanhola está precisamente a investigar se Ronaldo e se os seus representantes declararam todos os rendimentos legalmente exigidos e, não sendo esse o caso, querem saber qual o grau de envolvimento do futebolista em todo o esquema.
No centro desta inquirição judicial está também o agente de Cristiano Ronaldo, Jorge Mendes, que, segundo a Der Spiegel, é igualmente alvo de uma outra investigação por actos cometidos em nome próprio.
Escreve aquela revista alemã que as empresas e os movimentos financeiros do “super-agente” levaram inclusivamente à realização de um encontro entre funcionários fiscais de Portugal, Espanha, Chipre, Reino Unido, Holanda e República da Irlanda. Debaixo da atenção das autoridades terão estado as transacções ocorridas entre 2015 e 2016, calculadas em cerca de 1300 milhões de euros.