Fisco investiga três anos de negócios conduzidos por Jorge Mendes

Investigação envolve 13 clubes do futebol português.

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NUNO FERREIRA SANTOS

A Inspecção Tributária e Aduaneira está a investigar negócios com jogadores e treinadores mediados pelo empresário Jorge Mendes, nos últimos três anos, em Portugal. A notícia é avançada pelo Jornal de Notícias, citando fonte não identificada da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), que defende uma investigação a todos os negócios em que participe o empresário português. “Tudo o que tem a ver com Jorge Mendes é suspeito”, alerta.

Muitos destes negócios são realizados através de paraísos fiscais, que lhes garantem elevado grau de secretismo. No entanto, a AT integra um “controlo multilateral” com outros Estados-membros da União Europeia que já “forneceu e recebeu informações preciosas para a investigação deste sector [do futebol]”, cita o relatório divulgado pelo gabinete do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Além disso, o Fisco tem ainda uma parceria com a congénere espanhola, cuja colaboração esteve na origem de várias acusações, entre as quais se cantam José Mourinho, Di Maria, Falcao, Cristiano Ronaldo, Ricardo Carvalho e Fábio Coentrão.

Foi Radamel Falcao quem, segundo o jornal espanhol El Confidencial, se justificou perante a justiça ao indicar Jorge Mendes como o cérebro de um esquema que passava por criar sociedades offshore para desviar do Fisco receitas de direitos de imagem. Existem ainda casos que estão a ser investigados devido a alegados prémios de assinatura ou com duplos contratos que não são registados na Federação nem na Liga e envolvem pagamentos por baixo da mesa.

A empresa liderada por Jorge Mendes, a Gestifute, confirma a investigação e garante que é normal, que “vem decorrendo em absoluta normalidade” e que a empresa “mantém com a AT a colaboração e transparência de sempre”. A empresa sublinha que “enquanto sociedade está naturalmente sujeita (…) a procedimentos de inspecção tributária”.

Só nos últimos três anos estão em causa transferências 13 transferências com um valor igual ou superior a 15 milhões de euros e que podem agora ser alvo de escrutínio. Os negócios sob escrutínio envolvem 13 clubes, incluindo as sete maiores sociedades anónimas desportivas e respectivos clubes.

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