Criador do iPod diz que Apple deve ajudar pessoas a passar menos tempo no telemóvel

Tony Fadell escreveu um artigo de opinião em que pede mais ferramentas para controlar a dependência da tecnologia.

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Há muitas pessoas que não largam o telemóvel David Gray/reuters

Um antigo conselheiro de Steve Jobs e um dos criadores do iPod criticou a Apple, e todas as grandes fabricantes de smartphones, por ignorarem o problema das pessoas viciadas nos pequenos ecrãs.

Num artigo de opinião para a revista Wired, Tony Fadell, que liderou a equipa do iPod durante anos, frisou que o problema com a partilha excessiva de dados (que leva muitas pessoas a revelarem tudo sobre si na Internet) não é só “do Facebook” ou de “crianças” mal-informadas. A prova, escreve, está na quantidade de pessoas que depende do telemóvel para aceder à conta do banco, encomendar produtos da Internet, navegar nas redes sociais, escrever emails e passar o tempo com jogos.

“Devia ser possível ver exactamente a quantidade de tempo que se passa [no smartphone] e, se possível, moderar o comportamento com base nessa informação. Precisamos de uma balança para o nosso peso digital”, sugeriu Fadell. "Tem que se capacitar as pessoas para perceberem como usam os seus dispositivos."

Desde de que deixou a Apple, criou a empresa de termóstatos inteligentes Nest (que vendeu ao Google por 3,2 mil milhões de dólares em 2014), e o Future Shape, um serviço de consultoria para motivar pequenas empresas a investir em tecnologias para um “futuro saudável”, através da alimentação, medicina, transporte e robótica. “Os fabricantes e criadores de aplicações têm de assumir a responsabilidade de regular [o tempo que se passa] nos aparelhos antes que o governo decida intervir”, acrescentou o empresário, que notou haver cada vez mais "campos de desintoxicação” de smartphones para adolescentes em todo o mundo e estudos a alertar sobre os problemas da tecnologia. Um deles é o conceito de “tecnostress”, causado pelo excesso de informação bombardeada pelos pequenos aparelhos. “Precisamos de ferramentas básicas para prevenir isto”, alertou Fadell no seu texto.

 

A Apple frisou que já está a trabalhar nestas ferramentas. "Temos melhorias planeadas para o futuro", lê-se na resposta que a empresa está a enviar aos órgãos de comunicação social. "Trabalhamos muito para criar produtos poderosos que inspiram, entretêm e educam crianças ao mesmo tempo que ajudam os pais a protegê-las online."

É uma posição muito semelhante àquela que foi anunciada em Janeiro, quando a empresa começou a ser alvo de críticas pelo nível de dependência que os seus produtos geram. Na altura, o movimento era liderado por uma dupla de investidores da Apple que enviou uma carta aberta à empresa a pedir que a fabricante do iPhone ajudasse os mais novos a passarem menos tempo a usar o smartphone.

Na altura, a Apple também recordou que já havia sistemas de controlo parental nos iPhones que permitem restringir o conteúdo a que os mais novos acedem. Além disso, nas definições de bateria do aparelho, pode-se ver a quantidade de bateria gasta, ao longo de 24 horas, em várias aplicações (isto inclui o número de horas perdidas com cada aplicação). Os aparelhos Android também oferecem este tipo de informação.

Há também vários serviços que se podem instalar para ajudar a controlar o tempo que se passa no telemóvel. O StepLock, por exemplo, faz isto enquanto motiva as pessoas a mexerem-se mais: só se pode aceder a determinadas aplicações depois de dar um número específico de passos durante o dia. Já o AntiSocial compara o tempo que alguém passa numa aplicação à média de outros utilizadores com a aplicação instalada.

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