Problema do Programa de Estabilidade é mais do que "as décimas" do défice

Jerónimo de Sousa defendeu que programa é um "colete de forças" que a União Europeia coloca a Portugal.

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Jerónimo visitou Centro de Saúde LUSA/Paulo Cunha

O secretário-geral do PCP considerou esta segunda-feira que o problema de fundo do Programa de Estabilidade "é o colete de forças" que a União Europeia coloca a Portugal, mais do que "a questão das décimas" do défice.

Ressalvando que o partido ainda não decidiu como votará o projecto de resolução que o BE irá apresentar para que o Programa de Estabilidade mantenha o compromisso do défice de 1,1% em 2018 - em vez do valor de 0,7% inscrito pelo Governo -, Jerónimo de Sousa sublinhou que o problema de fundo é que se está a discutir "num quadro, numa matriz, num colete de forças que é imposto pela União Europeia".

"Em relação ao Bloco, à proposta do Bloco, percebe-se a intenção, particularmente acrescentando umas décimas ao défice, mas o problema de fundo não é esse", sublinhou, admitindo que o PCP está ainda a avaliar que posição tomar.

"Nós funcionamos em termos colectivos, vamos reunir a comissão política", referiu, recordando, contudo, que em relação ao projecto de rejeição ao Programa de Estabilidade que o CDS-PP já anunciou que irá apresentar, a oposição do PCP é clara.

Jerónimo de Sousa admitiu, contudo, que "as décimas" que são retiradas ao défice no Programa de Estabilidade "poderiam reflectir-se aqui ou acolá pontualmente", nomeadamente em sectores onde é preciso investir.

O secretário-geral do PCP, que falava aos jornalistas no final de uma visita à Unidade de Saúde Familiar da Quinta do Conde, no concelho de Sesimbra, apontou precisamente o sector da saúde como um dos que tem "a doença crónica" da falta de investimento.

Por isso, acrescentou, o Programa de Estabilidade não poderá invalidar, nem impedir que, no quadro da discussão do Orçamento do Estado para 2019, sejam encontradas soluções alternativas de reforço do investimento no Serviço Nacional de Saúde.

Os problemas que os comunistas encontraram no centro de saúde da Quinta do Conde - onde menos de 50% dos utentes tem médico de famílias - confirmam "as carências e as dificuldades" que existem no sector da Saúde, referiu o secretário-geral do PCP.

"Este é um exemplo concreto das dificuldades que hoje existem, particularmente na questão do investimento e da necessidade de dar resposta ao problema das instalações", salientou.

Jerónimo de Sousa adiantou ainda que a visita que hoje fez à Unidade de Saúde Familiar da Quinta do Conde antecede o Encontro Nacional sobre Saúde que o PCP irá organizar no sábado, em Lisboa. Na terça-feira, o líder dos comunistas irá também visitar o Hospital de São José, em Lisboa.