MPLA não assinou por baixo proposta de congresso de José Eduardo dos Santos
Comunicado final de reunião do Comité Central prevê duas reuniões de orgãos dirigentes do partido para discutir a ideia apresentada pelo ex-Presidente.
O porta-voz do MPLA negou ter sido rejeitada a proposta apresentada por José Eduardo dos Santos para resolver a questão da transição da liderança do partido num congresso extraordinário a realizar em Dezembro deste ano ou Abril de 2019. Em causa estava um comunicado que não adoptava a ideia do ex-Presidente da República – embora também não a afastasse.
Norberto Garcia reagia a notícias divulgadas na sexta-feira, depois de o líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), ter feito esta proposta no discurso inaugural de uma sessão do Comité Central do partido. “Não houve rejeição da proposta do líder”, afirmou, “mas sim um melhoramento da mesma”.
O comunicado divulgado após a reunião do Comité Central diz que este órgão do MPLA “foi informado da preparação de uma reflexão do Bureau político sobre a oportunidade de realização de um Congresso Extraordinário do Partido e sobre a transição política a nível da presidência do MPLA”, e que decidiu realizar essa reunião em Abril de 2018. Em Maio, o Comité Central voltará a reunir-se para apreciar esta matéria. Não foi um sim entusiástico a José Eduardo dos Santos – nem um não.
“Estamos a evoluir positivamente, a trabalhar com bastante harmonia e coesão, é evidente que há situações em que poderá haver uma abordagem mais crítica, menos crítica, o que é normal, estamos em democracia e é isso que nós queremos, um partido cada vez mais democrático, cada vez mais aberto”, tentou explicar Norberto Garcia.
“Houve discussões e houve várias propostas, não foi só esta. A verdade verdadeira é que desta discussão resultou aquilo que nós colocamos no comunicado final”, salientou.
Nos últimos tempos têm crescido os comentários na sociedade angolana sobre a existência de uma suposta bicefalia no poder entre o chefe de Estado angolano e vice-presidente do MPLA, João Lourenço, e o líder do partido, José Eduardo dos Santos, onde se incluem críticas internas sobre a situação.
José Eduardo dos Santos, líder do MPLA desde 1979, anunciou em 2016, que este ano deveria deixar a vida política activa, sendo esta a primeira vez que se pronunciou sobre o assunto.
Durante a intervenção, José Eduardo dos Santos, que foi chefe de Estado em Angola durante 38 anos e não concorreu às eleições gerais de Agosto do ano passado, disse que se comprometeu a envolver-se “pessoalmente” no grupo de trabalho que ao longo de 2018 vai “preparar a estratégia” do MPLA para as primeiras eleições autárquicas no país.