Actriz porno processa Trump por causa de “acordo de silêncio”

O acordo não tem validade porque apenas foi assinado pelo advogado de Trump, Michael Cohen, e não pelo Presidente.

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Apesar de ter sido paga, Clifford acredita que não tem de se manter em silêncio sobre o caso Reuters/Eduardo Munoz

Stormy Daniels, actriz pornográfica que alegadamente terá sido paga para não falar publicamente sobre os encontros sexuais que manteve com Donald Trump, processou o actual Presidente norte-americano esta terça-feira. No processo, Daniels revela que Trump nunca assinou o “acordo de silêncio” que a impedia de revelar a relação que alegadamente mantiveram entre 2006 e 2007, antes de Trump ter assumido a presidência, mas já depois de se ter casado com Melania.

Stephanie Clifford, conhecida como Stormy Daniels na indústria pornográfica, entregou uma queixa no Tribunal Estadual da Califórnia em que afirma que o “acordo de silêncio” que assinou em 2016, antes das eleições presidenciais, é inválido, e que, por isso, pode discutir publicamente a sua relação com o agora Presidente norte-americano.

De acordo com o advogado, Michael Avenatti, a actriz assinou, a 28 de Outubro de 2016, dois documentos: um “acordo de silêncio” e uma segunda carta, em que revelava a sua identidade. O “acordo de silêncio” assinado pela actriz pornográfica referia-se a Donald Trump como David Dennison e a Stephanie Clifford como Peggy Peterson. Já a carta revelava a identidade dos dois.

O acordo, afirma Avenatti, não tem validade porque apenas foi assinado pelo advogado de Trump, Michael Cohen, e não pelo Presidente. Por essa razão, Stephanie pede que se declare o acordo como inválido e não vinculativo. A denúncia foi tornada pública no Twitter do advogado.

“Apesar de Trump não ter assinado o ‘acordo de silêncio’, Cohen depositou 130 mil dólares na conta do advogado de Stephanie [Michael Avenatti]. Fê-lo apesar de não haver um acordo legal, não havendo, portanto, um acordo escrito pelo qual Stephanie Clifford não pudesse revelar a verdade sobre Trump”, afirma a petição entregue no tribunal norte-americano.

Avenatti revela ainda que Cohen continua a tentar intimidar a actriz. “Por exemplo, há poucos dias, a 27 de Fevereiro de 2018, o advogado de Trump, Cohen, iniciou, de forma sub-reptícia, um processo de arbitragem falso contra Stephanie Clifford em Los Angeles. Notavelmente, fê-lo sem a avisar do procedimento básico”.

Nem a Casa Branca nem o advogado de Trump comentaram ainda o caso.

Na denúncia, Stephanie Clifford afirma ter mantido um caso com Trump, vários anos antes de ele assumir a presidência. Quando o milionário se candidatou à Casa Branca, o seu advogado terá comprado o silêncio de mulheres que tentaram partilhar histórias de encontros sexuais com o agora Presidente.

Cohen admitiu em Fevereiro ter pago 130 mil dólares (105 mil euros) do próprio bolso a Stephanie Clifford. O caso rebentou em Janeiro, quando o The Wall Street Journal revelou a existência de um acordo de silêncio entre a actriz e o Presidente. Nessa altura, segundo o jornal, Stephanie Clifford, de 38 anos, estava a preparar a divulgação da história no programa Good Morning America, da estação de televisão ABC, e negociava também os direitos com a revista Slate.

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