Bruxelas avalia se limitação automática de velocidade nos carros deve ser obrigatória

A Comissão Europeia deve anunciar novas medidas para reduzir as mortes na estrada em Maio deste ano. Segundo o Conselho Europeu de Segurança nos Transportes, isso pode incluir assistentes inteligentes que limitam a velocidade e alcoolímetros em alguns veículos.

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A tecnologia de limite de velocidade reconhece a velocidade máxima permitida na via e tenta fazer com que o condutor não a ultrapasse NUNO FERREIRA SANTOS

Para reduzir a mortalidade nas estradas, o Conselho Europeu de Segurança nos Transportes (ETSC, na sigla inglesa) pediu à União Europeia que implemente sistemas como os assistentes inteligentes de velocidade (que limitam a velocidade automaticamente) e sistemas de travagem automática em todos os novos carros, a partir de Maio deste ano, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira.

Como reconhece a ETSC, a velocidade é um dos principais factores que contribui para a mortalidade na estrada. Com os limitadores de velocidade, o carro recebe a informação da velocidade máxima permitida a partir do GPS (que recolhe a sua posição e o limite em vigor) ou através de uma câmara que lê os sinais de trânsito; depois, a indicação dessa velocidade máxima é dada ao condutor, num ecrã perto do velocímetro. Em caso de emergência, o sistema pode ser desactivado se o condutor carregar a fundo no acelerador.

O órgão europeu não se opõe a que, numa fase inicial, seja permitido um “interruptor” que permita desligar o mecanismo e acredita que esta tecnologia “barata” reduziria as mortes em 20%, ajudando ainda a reduzir as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera.

Alguns carros mais recentes, como o Ford Kuga, o Citroën C4 ou o Volvo V90, já têm este sistema. A Ford – que tem o mecanismo disponível não só no modelo Kuga, mas também no Edge, no S-Max e no Galaxy – publicita o assistente inteligente de velocidade como uma preciosa ajuda para que os seus condutores não sejam multados por excesso de velocidade.

Assim, o órgão europeu pede que a União Europeia torne obrigatória a presença destes limitadores automáticos de velocidade em todos os novos carros, tal como sistemas de travagem automática que reconheçam peões e ciclistas. Isto é possível com a alteração do regulamento europeu 2009/661, que define os requisitos de segurança obrigatórios em todos os veículos. A Comissão Europeia deverá anunciar estas novas regulações a 2 de Maio deste ano, passada quase uma década desde a última actualização neste sector.

O presidente-executivo da ETSC, o italiano Antonio Avenoso, argumenta que estas medidas podem ser “tão importantes para salvar crianças como o cinto de segurança” – mas a “verdadeira mudança” só acontecerá quando estes sistemas deixarem de ser opcionais e passarem a ser aplicados em todos os carros.

Alcoolímetros e mortalidade infantil

Nos últimos dez anos, morreram 8100 crianças (com menos de 14 anos) nas estradas europeias: cerca de metade seguia dentro de um carro acidentado, enquanto as restantes, que iam a pé ou de bicicleta, foram atropeladas. Para o Conselho Europeu de Segurança nos Transportes, estas “medidas para reduzir a velocidade são essenciais para prevenir a morte de mais crianças”.

A Roménia é o país da União Europeia onde mais crianças morrem: é sete vezes mais provável que uma criança morra numa estrada romena do que na Noruega, o país com menos sinistralidade rodoviária a afectar os menores de idade. Já em Portugal, o número de mortes está abaixo da média europeia. Segundo o conselho europeu, Portugal está também entre os países em que as mortes de crianças nas estradas diminuíram na última década — e que tem tomado medidas para o uso (e correcta aplicação) das cadeirinhas e dos cintos de segurança.

O uso de capacetes de bicicleta – em Portugal e em mais 17 países europeus não são obrigatórios – e medidas para tornar os caminhos para as escolas mais seguros são algumas das recomendações da organização sem fins lucrativos, fundada em 1993.

Na União Europeia, cerca de 25% das mortes na estrada estão relacionadas com o consumo de álcool. Além das multas e proibições de conduzir, o ETSC sugere que a partir de Maio seja mais fácil aplicar alcoolímetros ligados ao circuito de ignição de alguns veículos – como os autocarros escolares ou carros de pessoas que já tenham sido apanhadas a conduzir embriagadas –, que impeçam os condutores de conduzirem caso tenham mais álcool na corrente sanguínea do que aquele permitido por lei. Assim, para o carro funcionar, é preciso “soprar ao balão”.

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