Começaram as obras na Sé de Lisboa
Projecto prevê repor o pátio no claustro inferior, remetendo assim as ruínas arqueológicas para uma cripta que terá um percurso museológico.
Começaram nos últimos dias as obras de recuperação do claustro da Sé de Lisboa, anunciadas em 2015. Para já, confirmou o PÚBLICO junto de fonte oficial do Patriarcado, os trabalhos resumem-se à preparação da empreitada propriamente dita, que só deve tornar-se mais visível daqui a cerca de um mês.
De acordo com um comunicado que a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) enviou à agência Lusa, "a obra foi adjudicada pelo Cabido da Sé Metropolitana de Lisboa, pelo valor de 4.106.231 euros, em 10 de Janeiro, com um prazo de 450 dias”.
O responsável pelo projecto é o arquitecto Adalberto Dias, que explicou ao PÚBLICO que as obras visam, acima de tudo, valorizar as ruínas arqueológicas que há mais de 20 anos estão tapadas por uma estrutura metálica e plástica. Na Sé encontram-se vestígios que abrangem um período de tempo alargado, desde a Idade do Ferro até ao século XIV. Encontram-se ali, por exemplo, uma cisterna medieval, uma rua romana e vestígios de uma eventual mesquita.
Prevê-se a “reposição do pátio do claustro”, que vai passar a ser “a cobertura definitiva das ruínas, o que nos permitirá visitá-las”, disse Adalberto Dias. Torna-se assim necessário construir um acesso à cripta, onde será criado um núcleo museológico. Esse acesso far-se-á por escadas, a colocar “no local de umas que existem em caracol”, acrescentou o arquitecto.
Tal como foi anunciado em 2015, aquando da apresentação inicial do projecto, vai ser aberta uma porta para a Rua das Cruzes da Sé. Em resposta a dúvidas levantadas pelo Fórum Cidadania Lx, o chefe da Divisão de Salvaguarda do Património Arquitectónico e Arqueológico da DGPC esclareceu que “foi acordado que a porta seria dissimulada com a recolocação da leitura do aparelho da muralha, utilizando as pedras da própria estrutura”.
Para lá da valorização das ruínas, o projecto centra-se também em “recuperar todo o claustro”, explicou Adalberto Dias. As intervenções arqueológicas iniciadas nos anos 1990 obrigaram ao levantamento do pátio e, com isso, “as dimensões cultural, patrimonial e religiosa do claustro desapareceram”, diz o arquitecto, que agora se propõe devolvê-las.
Em 2015, esta intervenção era apontada por João Carlos Santos, sub-director da DGPC, como o primeiro passo de “um plano estratégico de recuperação integral da Sé de Lisboa”.