Novo partido entra na arena política para reverter “Brexit”

Renovação aposta na mudança demográfica do eleitorado britânico e tenta influenciar voto parlamentar a um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia.

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Partido Renovação aposta em renovação do eleitorado para travar o "Brexit" PETER NICHOLLS/Reuters

Um novo partido britânico quer travar o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, mesmo que faltem apenas 13 meses até à data prevista do “Brexit”. O partido Renovação (Renew), que se define como centrista, pretende explorar a insatisfação do público com os políticos e com um "hard Brexit".

“As sondagens mostram que a opinião sobre o 'Brexit' está a mudar, e o Governo conservador está a obrigar-nos a optar por um 'hard Brexit’”, declarou Sandra Khadhouri, uma das fundadoras do partido, na apresentação, segunda-feira, em Londres.

Uma sondagem recente do diário britânico The Guardian mostrava que 47% dos cidadãos estão a favor de um novo referendo quando se conheçam os termos do acordo entre o Reino Unido e a União Europeia, e apenas 34% não querem reabrir o debate.

“Queremos ser duros em relação ao ‘Brexit’ e às causas do ‘Brexit’”, declarou James Torrance, outros dos fundadores e responsável pela estratégia. “Na votação no Parlamento sobre o acordo final com Bruxelas, poremos em cima da mesa a continuação na União Europeia”, prometeu.

Se um acordo negociado por May levado ao Parlamento for chumbado, isso deverá fazer cair o seu Governo minoritário.

O partido vai concentrar-se em deputados em círculos eleitorais com alto nível de apoio à permanência na União Europeia.

O partido, que teve contactos informais com o movimento francês Em Marcha que levou Macron ao poder, planeia concorrer a todos os 650 lugares de deputados em eleições nacionais quando estas se realizem e apostam na possibilidade de, se houver uma votação, seja referendo ou eleições, os mais jovens sejam uma maior fatia do eleitorado.

No referendo de 2016, 75% dos eleitores entre os 18 e os 24 anos votaram contra a saída do Reino Unido da União Europeia, quando o “sim” ao “Brexit” venceu com 51,9% dos votos e o “não” teve 48,1%. “Já há um milhão de pessoas que eram menores no referendo e que hoje poderiam votar”, disse  James Clarke.

Várias figuras pediram já que o processo do “Brexit” seja suspenso, desde o antigo primeiro-ministro trabalhista Tony Blair ao director-geral do banco Goldman Sachs, Lloyd Blankfein.

Apoiantes do “Brexit” dizem, por outro lado, que qualquer tentativa de reverter o processo é anti-democrática e poderia precipitar uma crise constitucional. 

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