Em vez da paróquia, uma unidade pastoral

As unidades pastorais funcionam como agrupamentos de paróquias em cada vez mais dioceses. Onde o padre não chega, avançam os diáconos e os leigos.

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O modelo em que cada paróquia, por pequena que fosse, tinha o seu pároco residente está extinto e não é de agora. Por faltarem os padres, mas também por causa do despovoamento progressivo de muitas destas paróquias, o que leva vozes como a do teólogo Frei Bento Domingues a reclamar a necessidade de uma reorganização administrativa da Igreja Católica, capaz de adequar a estrutura da Igreja às novas realidades territoriais. “O país ameaça cair ao mar, com as paróquias das cidades do litoral a adquirirem uma dimensão que antigamente justificaria uma diocese, mas continuamos com muitas das dioceses mais bem equipadas de padres no interior: Lamego é um exemplo, apesar de a sua população só lá ir nas férias”, sustenta.

“Temos de olhar para as paróquias e perceber até que ponto elas são a única resposta à Igreja de hoje. Nalgumas, por causa do problema do despovoamento, as pessoas são poucas e idosas. Manda-se para lá um padre viver como e de quê?”, questiona também o vigário-geral de Aveiro, Manuel Joaquim da Rocha. Para o chanceler da diocese de Viseu, António José Boavida, tornou-se claro que algumas destas paróquias só não estão extintas no papel. Assim, conclui, a Igreja Católica tem de se libertar de um modelo de organização social que se tornou desadequado.

Nalgumas dioceses, há passos nesse sentido. Em Reguengos de Monsaraz, Évora, a unidade pastoral liderada pelo padre Manuel Marques vive dos contributos de 16 leigos – oito homens e oito mulheres - que, na impossibilidade de o padre chegar a todo o lado, o substituem em vários serviços pastorais, nomeadamente na celebração de uma cerimónia equiparável à missa. Também a diocese de Bragança-Miranda, a quarta mais extensa do país, com as suas 326 paróquias dispersas por 6.589 km2, se reorganizou em unidades pastorais, espécie de agrupamento de paróquias, onde os 60 padres – um dos quais ugandês - se apoiam em 11 diáconos permanentes, os quais podem fazer baptizados, funerais, casamentos e a chamada celebração da palavra, em tudo semelhante a uma missa. 

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