Trump ameaça cortar fundos de apoio a refugiados palestinianos

Presidente norte-americano garante que os EUA deixarão de financiar agência da ONU de apoio a refugiados palestinianos se não existirem negociações com Israel.

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Reuters/Kevin Lamarque

O Presidente norte-americano, Donald Trump, sugeriu que os Estados Unidos podem reter futuros pagamentos de ajuda aos palestinianos, acusando-os de “não estarem dispostos para mais conversações de paz” com Israel.

A afirmação foi feita no Twitter, onde Trump afirmou que os EUA dão “centenas de milhões de dólares por ano” aos palestinianos e “não recebem apreciação ou respeito”. “Eles nem sequer querem negociar um há muito esperado tratado de paz com Israel… com os palestinianos já sem estarem dispostos para conversações de paz, porque haveríamos de lhes fazer qualquer desses futuros pagamentos enormes?”, escreveu ainda o Presidente norte-americano.

Em 2016, a Palestina recebeu 260 milhões de dólares (216 milhões de euros) dos EUA em virtude de acordos bilaterais, segundo a BBC.

A Autoridade Palestiniana criticou a "chantagem" feita por Trump. "Jerusalém é a capital eterna do Estado da Palestina e não está à venda em troca de ouro ou milhões", disse o porta-voz de Mahmoud Abbas, Nabil Abu Rudeina, em declarações à AFP.

Abbas diz não estar contra as negociações, mas estas devem ter por base "o direito internacional e as resoluções que reconhecem um Estado palestiniano independente com Jerusalém Oriental como sua capital". 

Hanan Ashrawi, do comité executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), acusou Trump de ter "sabotado" a procura "pela paz, liberdade e justiça".

O Governo israelita apoiou as declarações de Trump, elogiado pela ministra da Cultura, Miri Regev, como um Presidente "que diz o que pensa e não recorre a subterfúgios diplomáticos sem significado". "Não se pode, por um lado, receber 300 milhões de dólares de ajuda americana por ano, e, ao mesmo tempo, fechar a porta a negociações", afirmou Regev, ecoando a posição da Casa Branca.

Como explica a Reuters, esta tomada de posição de Trump surge na sequência de um plano, divulgado pela embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, para parar de financiar uma agência das Nações Unidas que presta apoio humanitário a refugiados palestinianos.

“O Presidente disse, basicamente, que não quer dar fundos adicionais, ou mesmo parar de financiar, até que os palestinianos concordem em regressar à mesa das negociações”, afirmou Haley aos jornalistas.

“Os palestinianos têm de mostrar agora ao mundo que querem sentar-se à mesa. Agora, eles não vêm para a mesa mas pedem apoios. Não estamos a dar apoio, vamos garantir que eles se sentam na mesa e queremos avançar com o processo de paz”, acrescentou ainda Haley.

Donald Trump reconheceu oficialmente Jerusalém como capital de Israel, dando também ordem para mudar a embaixada norte-americana daquele país para a cidade. A decisão provocou uma onda de contestação, tendo a Assembleia-Geral aprovado, inclusivamente, uma resolução a condenar a decisão do Presidente dos EUA

O estatuto de Jerusalém é altamente controverso no âmbito do conflito israelo-palestiniano. Israel considera a cidade como a capital do seu Estado, e há muito que tenta garantir o reconhecimento internacional desta realidade. Porém, os palestinianos reivindicam a zona oriental da cidade, ocupada desde 1967, como capital de um futuro Estado independente. Os Acordos de Oslo de 1993 determinam que o estatuto de Jerusalém será discutido em futuras negociações de paz.

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