Uma cronologia dos bens portugueses inscritos na lista do Património Mundial

Do Convento de Cristo à falcoaria, vai já longa a lista dos bens portugueses classificados pela UNESCO.

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O Convento de Cristo tornou-se, em 1983, um dos primeiros quatro bens portugueses com classificação de Património da Humanidade PEDRO CUNHA/ARQUIVO

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) classificou esta quinta-feira a produção dos "Bonecos de Estremoz", em barro, como Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Os "Bonecos de Estremoz" pertencem a uma arte de carácter popular, com mais de 300 anos de história, tendo sido o primeiro figurado do mundo a merecer a distinção de Património Cultural Imaterial da Humanidade, na sequência da candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Estremoz, no distrito de Évora.

A candidatura teve como responsável técnico o director do Museu Municipal de Estremoz, Hugo Guerreiro, e é a mais recente classificação nacional como Património da Humanidade.

Principais datas das classificações de Património Mundial em Portugal

1983

A UNESCO decidiu, em Florença, a classificação simultânea dos primeiros quatro locais portugueses como Património Mundial: centro histórico de Angra do Heroísmo (Açores), Mosteiro da Batalha, Mosteiro dos Jerónimos/Torre de Belém (Lisboa) e Convento de Cristo (Tomar).

As justificações apresentadas no relatório do comité foram diversificadas, indo do critério de um "excelente exemplo de um tipo de construção", para o caso de Angra do Heroísmo, à peça "representativa de uma obra prima do génio criativo da humanidade", no da Batalha.

1986

O quinto bem português a ser classificado como Património Mundial pela UNESCO foi o centro histórico de Évora, sendo, de acordo com os critérios da organização, "testemunho de uma troca considerável de influências durante um dado período ou numa determinada área cultural" e, tal como Angra do Heroísmo, um "excelente exemplo de um tipo de construção ou um conjunto arquitectónico ou tecnológico ou paisagístico ilustrando um ou mais períodos significativos da história da humanidade".

1989

O Mosteiro de Alcobaça foi introduzido na lista de locais classificados como Património Mundial por constituir "uma das mais importantes abadias cistercienses europeias, atendendo ao seu estado de conservação e à sua arquitetura, símbolo de Cister", de acordo com um documento da Comissão Nacional da UNESCO sobre os locais portugueses.

1995

A UNESCO incluiu a paisagem cultural de Sintra na lista devido ao seu "valor universal extraordinário, representando uma abordagem pioneira ao paisagismo romântico que teve uma destacada influência nos desenvolvimentos de outras partes da Europa".

1996

O centro histórico do Porto foi inscrito como Património Mundial pelo "distinguido testemunho que muitos dos seus edifícios históricos e o seu tecido urbano" detêm da evolução da cidade ao longo dos últimos mil anos, detalhou, na altura, o relatório da UNESCO.

1998

A 22.ª sessão do Comité do Património Mundial da UNESCO assistiu à classificação dos Sítios Pré-históricos de Arte Rupestre do Vale do Rio Côa e de Siega Verde (Espanha), tendo na altura os delegados da Austrália e de Marrocos expressado a sua satisfação pelo "contributo dado para a diversidade e credibilidade" da lista de Património Mundial.

1999

O Comité do Património Mundial da UNESCO aceitou a entrada da Floresta Laurissilva da Madeira na lista, o maior espaço sobrevivente de um tipo de floresta em tempos propagada pela Europa.

2001

A preservação "excepcional" do centro histórico de Guimarães foi um dos vários motivos que garantiram a sua entrada para a lista de Património Mundial, para a qual também contou a ligação da cidade ao "estabelecimento da identidade e da língua portuguesa".

Na mesma sessão, o Comité do Património Mundial da UNESCO inscreveu o Alto Douro Vinhateiro na lista, devido à história, cultura e paisagem daquela região.

2004

A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, nos Açores, considerada Património Mundial a partir deste 2004, "reflecte uma resposta única à vinicultura numa pequena ilha vulcânica que tem vindo a evoluir desde a chegada dos primeiros colonizadores no século XV", considerou a UNESCO.

2011

O fado foi considerado Património Imaterial da Humanidade no VI Comité Intergovernamental da Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura, ficando reconhecida a importância deste género musical como parte da identidade cultural de Portugal.

2012

A maior fortificação abaluartada do mundo, em Elvas, foi classificada como Património Mundial. Um edificado que remonta ao reinado de D. Sancho II (1243-1248), possuindo um perímetro de oito a dez quilómetros e uma área de 300 hectares.

2013

A Universidade de Coimbra foi considerada Património Mundial da UNESCO. Durante séculos, foi a única universidade portuguesa e afirmou, na cidade do rio Mondego, uma identidade cultural.

No mesmo ano, a dieta mediterrânica foi classificada como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

2014

Classificação do cante alentejano, canto coletivo, sem recurso a instrumentos e que incorpora música e poesia, como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

2015

Classificação pela UNESCO do fabrico de chocalhos em Portugal, ofício e manifestação cultural que tem no Alentejo a sua maior expressão a nível nacional, como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente.

2016

O processo de fabrico do barro preto de Bisalhães, em Vila Real, foi inscrito na lista do Património Cultural Imaterial que necessita de salvaguarda urgente da UNESCO.

No mesmo ano, também a falcoaria portuguesa foi classificada pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, depois de uma candidatura apresentada pelo município de Salvaterra de Magos (distrito de Santarém).

2017

A produção dos "Bonecos de Estremoz", em barro, uma arte popular com mais de três séculos, foi classificada como Património Cultural Imaterial da Humanidade, na sequência da candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Estremoz (distrito de Évora).