Governo português ultima contactos para candidatar Centeno

Durante toda esta terça-feira foram feitos contactos pelo Governo para avaliar se Centeno se candidata ao Eurogrupo. E nada garante que se for candidato seja eleito.

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António Costa tem de decidir esta sexta-feira se candidata ou não Mário Centeno à presidência do Eurogrupo LUSA/MANUEL ARAÚJO

O Governo português tem de decidir se entrega a candidatura do ministro das Finanças, Mário Centeno, à presidência do Eurogrupo, até dia 30 de Novembro, prazo limite para o processo de apresentação de nomes à eleição que se realiza dia 4 de Dezembro.

Ainda durante todo o dia desta terça-feira prosseguiram os contactos do executivo com outros governos europeus para perceber se vale a pena lançar formalmente a candidatura de Centeno. Em causa está o facto de o Partido Socialista Europeu (PES) não deter votos suficientes para assegurar a maioria que pode eleger o presidente do Eurogrupo.

Dentro do grupo de governos socialistas o nome de Centeno parece consensual, mas a questão é que o PES não tem a maioria nem entre os 19 países que integram o Eurogrupo, onde a votação é feita, nem no Conselho Europeu, ou seja, no colégio de primeiros-ministros dos 27 Estados-membros, que terão seguramente uma influência fulcral na decisão e nas negociações dos agrupamentos eleitorais.

O problema é que, como o PÚBLICO noticiou na sexta-feira, a maioria dos países do Eurogrupo e da Comissão Europeia são liderados por governos ocupados por partidos que integram o Partido Popular Europeu e o grupo Liberal, os quais defendem políticas económicas para a União Europeia mais conservadoras do que os socialistas.

Há um jornal austríaco que nesta terça-feira deixou no ar a possibilidade de o ex-ministro das Finanças holandês, Jeröen Dijsselbloem, permanecer no cargo durante mais uns meses. De acordo com a explicação adiantada pelo Die Presse, países como a Itália e a Eslováquia querem atrasar as votações por questões internas.

No caso italiano, há eleições dentro de quatro meses e o actual ministro das Finanças, Pier Carlo Padoan, é um candidato ao lugar de Dijsselbloem, embora o facto de Mario Draghi ser italiano diminua as hipóteses deste país, uma vez que tem assento por inerência no Eurogrupo por presidir ao Banco Central Europeu.

Em relação à Eslováquia, o país ainda estará a lidar com a desilusão de não ter conseguido ficar com a sede da Agência Europeia do Medicamento e o seu ministro das Finanças, Peter Kazimir, apesar de estar interessado, ainda não tem apoio suficiente para vencer. Dijsselbloem recusou comentar o possível adiamento.

Duas opiniões

Na segunda-feira, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, o francês Pierre Moscovici, disse à TSF que reconhecia em Centeno as condições necessárias para se candidatar à liderança do Eurogrupo, apesar de não o ver como favorito na corrida. “Pode não ser óbvio que seja um socialista a presidir ao Eurogrupo e [Centeno] também não é o único que pode chegar lá”, disse Moscovici, em Bruxelas, reconhecendo, ainda assim, que “gostaria de poder trabalhar com o Mário [Centeno]”.

Para o comissário, é muito importante que o grupo dos países da moeda única tenha “um forte e bom líder dedicado ao projecto europeu”, mas a verdade é que candidatos “muito bons” não faltam. Moscovici não deixou de se referir ao italiano Pier Carlo Padoan como um bom exemplo. Há muitos meses, quando a hipótese de Portugal se candidatar à presidência do Eurogrupo não passava de especulação, Marcelo Rebelo de Sousa havia desejado que Centeno permanecesse no cargo. “Acho que seria uma má solução para Portugal, porque o ministro das Finanças faz falta em Portugal, com o devido respeito que há pela presidência do Eurogrupo”, disse o Presidente em Abril. com Sónia Sapage

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