Morreu Charles Manson, um dos mais famosos assassinos do século XX
O norte-americano liderou uma seita de assassinos e foi preso em 1971. Não mostrava qualquer arrependimento. Tinha 83 anos.
Charles Manson, um dos mais conhecidos assassinos do século XX, morreu neste domingo, no condado de Kern, na Califórnia. Manson tinha 83 anos e morreu de causas naturais, às 20h13, declarou o Departamento de Correcções e Reabilitação da Califórnia, num comunicado citado pela Reuters. O líder da seita "A Família Manson" era um dos criminosos mais conhecidos nos EUA e estava na prisão há mais de 40 anos.
Manson cumpria pena, acusado de nove homicídios, incluindo o da actriz Sharon Tate, mulher do realizador Roman Polanski. A actriz de 26 anos foi morta em Agosto de 1969, quando estava grávida de oito meses e meio. Foi esfaqueada 16 vezes. O crime aconteceu na sua casa, em Beverly Hills.
O homicida foi condenado em 1971 juntamente com quatro dos seus seguidores que se tornaram assassinos sob a sua tutela. Juntos foram responsáveis por vários homicídios violentos em bairros luxuosos de Los Angeles, na costa Oeste dos Estados Unidos. Manson foi acusado de sete crimes de homicídio em primeiro grau. O julgamento aconteceu entre gritos, risos e cânticos protagonizados pela seita de condenados.
O assassino foi inicialmente condenado à pena de morte, mas a a sentença foi revista para prisão perpétua, depois de o Supremo Tribunal da Califórnia ter abolido a pena capital no estado em 1972.
"O nome de Manson tornou-se uma metáfora para o mal", afirmou em 1994 ao Los Angeles Times Vincent Bugliosi, advogado e promotor do Caso Tate-LaBianca contra Charles Manson. O casal Rosemary e Leno LaBianca foi assassinado uma noite após o homicídio da actriz Sharon Tate. "Era o governante ditatorial da família (Manson), o rei, o marajá. E os membros da família eram servilmente obedientes a ele", disse o ex-procurador, quando voltou a falar do caso em 2015, em declarações à CNN.
Em 2012, durante uma audiência onde pedia liberdade condicional, tornou-se público que terá afirmado a um dos seus psiquiatras que era "especial". "Passei a minha vida na prisão. Enterrei cinco pessoas. Sou um homem muito perigoso", afirmou, não demonstrando qualquer arrependimento pelos crimes cometidos. Foi-lhe negada a liberdade condicional e teria de esperar por 2027 para fazer um novo pedido. No total, viu ser-lhe negada liberdade condicional 12 vezes, conta a CNN.
Nos finais de 2014, Manson pediu autorização para casar com uma mulher de 26 anos, Afton Elaine Burton, com quem trocava correspondência há anos. O casamento acabou por não acontecer porque Manson descobriu que Elaine Burton tencionava expôr o seu cadáver numa cripta de vidro para obter lucro.
A sua história deu origem ao livro Helter Skelter, um título inspirado numa música dos Beatles, onde Manson alegava ter descodificado mensagens que levaram aos crimes de homicídio.
Charles Milles Maddox nasceu a 12 de Novembro de 1934, em Cincinnati, Ohio. A sua mãe, Kathleen Maddox, tinha 16 anos quando Charles nasceu, detalha o New York Times. Maddox é descrita como alcóolica no livro e teria vivido à margem da sociedade. Cresceu de reformatório em reformatório desde os nove anos até à idade adulta. Aprendeu a ler e a fazer contas já com 18 anos, na instituição prisional de Chillicothe. O apelido de Manson não correspondia ao do seu pai biológico, mas de um homem com quem a mãe casou. Ainda em bebé, Manson foi abandonado pela progenitora num café, em troca de uma cerveja quando a empregada de mesa elogiou o bebé Charles Manson e perguntou se podia ficar com ele, já que não podia ter filhos. "Paga-me uma imperial e fica com ele", respondeu Maddox. Depois de a funcionária do café lhe trazer a bebida, bebeu a cerveja e saiu sem levar a criança. Dias depois um tio procuraria a criança pela cidade e acabou por a encontrar e a levar para casa.
Antes dos crimes de homicídio já tinha sido condenado a dez anos de cadeia por ter extorquido 700 dólares à namorada, que engravidou, e por ter violado a sua companheira de quarto. Com 32 anos, depois de ter já passado metade da sua vida preso, Manson disse aos funcionários da prisão que não queria ser libertado. "Não posso ir lá para fora. Sei que não me consigo ajustar ao mundo, não depois de ter passado toda a minha vida preso, onde a minha mente era livre", afirmou. Durante o tempo em que esteve preso, Manson compôs músicas e actuou para os outros presidiários.
De acordo com o site TMZ, o psicopata tinha sido hospitalizado em Janeiro deste ano para ser operado por lesões no intestino e uma hemorragia interna. No entanto, o seu estado de saúde foi considerado muito débil para se submeter a uma cirurgia e voltou para a prisão. Tinha voltado a ser internado na última semana.