O anti-establishment chegou à Nova Zelândia pela mão dos trabalhistas
Jacinda Ardern será primeira-ministra aos 37 anos de idade. O novo executivo terá como parceiros de coligação os verdes e os nacionalistas do Nova Zelândia Primeiro.
Em linha com as lideranças de Justin Trudeau no Canadá e Emmanuel Macron em França, a neozelandesa Jacinda Ardern é a nova sensação da política internacional, ao chegar ao cargo de primeira-ministra com apenas 37 anos de idade. Apesar das comparações, a líder do Partido Trabalhista, de centro-esquerda, vai ter como parceiro de coligação os nacionalistas do Nova Zelândia Primeiro.
O acordo foi selado esta quinta-feira, quase um mês depois das eleições de 23 de Setembro, que não deram a maioria a nenhum partido.
O Partido Nacional, que estava no poder, conquistou apenas 56 dos 61 lugares necessários no Parlamento para governar sozinho e ficou nas mãos dos nacionalistas.
Depois de muita discussão, o Nova Zelândia Primeiro aceitou coligar-se com o Partido Trabalhista, que tem 46 lugares. Para além dos nove lugares dos nacionalistas, os trabalhistas contam também com os oito parlamentares dos verdes.
Mas a grande estrela destas eleições foi Jacinda Ardern. Eleita líder dos trabalhistas a poucas semanas das legislativas para que o partido pudesse aproveitar a onda proteccionista e antiglobalização em que se destacaram o “Brexit” e a eleição de Donald Trump, Ardern conseguiu recuperar 14 lugares no Parlamento para o seu partido.
Apesar de ser historicamente de centro-esquerda, o Partido Trabalhista usou como grande tema de campanha a dificuldade que os neozelandeses têm para comprar ou arrendar habitação – como a causa da inflação do mercado é atribuída ao maior número de imigrantes, os nacionalistas aproveitaram para propor medidas mais restritivas.
Para além da imigração e do mercado imobiliário, o Partido Trabalhista promete também renegociar o TPP (Parceria Trans-Pacífico), o acordo de comércio cujas negociações os Estados Unidos abandonaram sob a presidência de Donald Trump.
Os mercados financeiros e a China já sinalizaram que a restrição à entrada de imigrantes poderá prejudicar a economia da Nova Zelândia, somando-se a uma proposta para limitar a propriedade a cidadãos estrangeiros.