PSD à procura de alternativa a Rui Rio

Santana Lopes e Miguel Pinto Luz mantêm contactos no partido e podem ser candidatos.

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Santana Lopes continua a fazer contactos Adriano Miranda
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Miguel Pinto Luz só se afastou de Passos recentemente, por causa do processo autárquico em Lisboa Nuno Ferreira Santos

Com Paulo Rangel e Luís Montenegro fora da corrida, a ala passista (e não só) ficou desanimada,  sem alternativa à vista para quem não quer votar em Rui Rio. O ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes manteve-se nesta sexta-feira em contactos e em “reflexão” sobre uma possível candidatura. E ganhou força a hipótese de Miguel Pinto Luz, um passista da distrital de Lisboa que se distanciou do líder do PSD nos últimos tempos, mas que poderia atrair apoios anti-Rio.  

O antigo primeiro-ministro tem estado a fazer contactos nos últimos dias para avaliar se poderá protagonizar uma candidatura. Ao que o PÚBLICO apurou, Santana Lopes já recebeu apoios de autarcas e de ex-ministros e outras pessoas ligadas à política. A seu favor, argumentam fontes próximas, tem o facto de ter sido nomeado provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa por Passos Coelho, então primeiro-ministro, e de ter sido reconduzido no cargo por António Costa, como chefe do Governo, em Março de 2016. Um ponto que, segundo as mesmas fontes, pode jogar a seu favor, num futuro combate político com o líder do PS.

Na sua página de Facebook, Santana Lopes recordou que, desde quinta-feira, é o provedor da Santa Casa em funções há mais tempo desde o 25 de Abril. Um registo que serve para combater a imagem de instabilidade nos cargos que lhe está associada.

Depois de lembrar esta semana, na SIC, que quem vota são os militantes – e não os “barões e baronetes” – Santana Lopes escreveu esta sexta-feira um artigo no Correio da Manhã contra as “lapas que foram autarcas”, sem referir nomes.

Com a saída de cena de Paulo Rangel e de Luís Montenegro, os sociais-democratas procuram uma figura em condições de defrontar o ex-autarca do Porto. E esse nome pode ser o que foi lançado por Miguel Relvas, há algumas semanas, numa entrevista ao Expresso: Miguel Pinto Luz. Foi um dos grandes apoiantes de Passos Coelho, liderou a distrital de Lisboa durante seis anos (durante quase todo o passismo).

Com 40 anos, Pinto Luz saiu da estrutura no final do mandato, em Julho, e já não o quis prolongar para depois das autárquicas, após meses de polémica em torno da escolha do candidato do PSD a Lisboa. Foi agora reeleito vice-presidente da Câmara de Cascais, liderada por Carlos Carreiras.

A sua escolha, se vier a confirmar-se, representa uma alternativa geracional. Muitos sociais-democratas – incluindo o próprio Miguel Pinto Luz – defendem que o próximo líder do PSD deveria ser da abaixo da geração de Passos Coelho (53 anos). Muito longe dos 60 anos de Rui Rio.

Uma das variáveis de que não depende o avanço de Rio chama-se Santana Lopes. Ontem, quando se tornou ainda mais evidente que o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa poderia entrar na corrida à liderança, um apoiante de Rio fez questão de explicar ao PÚBLICO por que razão, ou razões, esta não é uma má notícia. “Santana é o melhor concorrente que Rio poderia ter. Desde logo porque será uma eleição entre notáveis da mesma geração, caindo por terra o argumento de que Rio personifica um PSD velho e ultrapassado”, disse o entusiasta do ex-autarca.

Além disso, os que estão com Rui Rio acreditam que Santana “representa uma época e um resultado negativo que levou muita gente a afastar-se” do partido e que, em caso de derrota, deixará de ter capital para andar por aí. “É um prémio. Um desígnio dos céus.”

Outros lembram que Santana Lopes preferiu o conforto da Santa Casa do que ser o rosto do PSD à Câmara de Lisboa. E que essa decisão torna inviável uma candidatura à liderança do partido.

A meio da tarde desta sexta-feira, a Antena 1 noticiou que Rui Rio apresentará a sua candidatura em Coimbra, no dia 11, mas a informação não foi confirmada ao PÚBLICO por fonte próxima do ex-autarca, que garantiu não haver ainda uma decisão tomada sobre a data ou o local. Um dos seus apoiantes, Nuno Morais Sarmento, em declarações na Rádio Renascença, reforçou a partilha de muitas das posições com Rui Rio e admitiu como “grande probabilidade” voltarem a fazer “caminho juntos”.

Do lado de Rio, há muitas variáveis a ter em conta, nomeadamente, as conclusões do Conselho Nacional agendado para dia 9, na sequência do qual se saberá quando se realizam as eleições directas e o congresso (uma das propostas é 2 de Dezembro de 2017 para as primeiras e 5, 6 e 7 de Janeiro de 2018 para o segundo). O PÚBLICO apurou que a data das directas pode ser ainda mais antecipada e marcada para o final de Novembro, o que permitiria reunir o congresso mais cedo, ainda neste ano. 

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