Declaração de Juncker alegrou independentistas, mas Madrid riu-se por último
Presidente da Comissão Europeia afirmou que respeitaria resultado de um referendo sobre a independência da Catalunha... se fosse legal.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, esteve presente, nesta quinta-feira, numa emissão especial na Euronews onde respondeu às perguntas de vários youtubers. E a resposta a uma delas causou celeuma em Madrid e rejubilo entre os independentistas catalães.
Questionado sobre se a Comissão aceitaria o resultado de um referendo sobre a independência da Catalunha, Juncker afirmou que o respeitaria, aparentemente contrariando as suas próprias afirmações anteriores. Numa entrevista nesta quinta-feira ao jornal La Vanguardia, o político luxemburguês dizia que rejeitaria os resultados de qualquer sufrágio ilegal em Espanha.
“É obvio que se o sim ganhar no referendo para a independência da Catalunha, algo pelo qual é preciso esperar para ver, respeitaremos essa escolha”. Esta foi a frase dita por Jucker e que surpreendeu os espanhóis.
“Por princípio, a Comissão não intervém nos debates internos de um país quando se trata de debates legítimos, democráticos, aceitáveis e aceites. A Comissão Prodi, a Comissão Barroso e a minha sempre disseram que, nessa matéria, aceitamos as sentenças do Tribunal Constitucional espanhol e aquilo que decidir o Parlamento espanhol”, acrescentou, realinhando as considerações com as afirmações anteriores.
Quanto ao cenário de uma Catalunha independente e membro da União Europeia, Juncker deixou o aviso: “A Catalunha não poderia ser um membro da União Europeia no dia a seguir ao voto. “Terá de seguir todo um processo de adesão, como todos os Estados-membros que entraram desde 2004. Não é um processo automático”.
Como explica o El País, o facto de a Euronews ter publicado as afirmações de Juncker de forma incompleta, num primeiro momento, levou a que o movimento independentista rejubilasse com a aparente decisão da Comissão Europeia de aceitar o resultado do referendo catalão, considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol, marcado para dia 1 de Outubro.
No entanto, um porta-voz da Comissão Europeia veio a público reforçar que o referendo é um assunto interno e que Bruxelas apenas aceita as decisões dos tribunais. “A decisão do Tribunal Constitucional deve ser respeitada, e por isso o resultado do referendo só pode ser aceite se se cumprir essa condição. O presidente Juncker reitera a posição da Comissão, tal como expresso em várias respostas no Parlamento Europeu desde a Comissão Prodi e já reiterou na sua entrevista ao La Vanguardia hoje”, afirmou o porta-voz citado pelo El País.