Orçamento: PCP avisa que "prestígio” do Governo “não foi por mérito próprio"

PCP ainda não conhece propostas do OE2018. Para Jerónimo de Sousa, é bom que o executivo tenha noção de que o seu " prestígio não foi por mérito próprio", mas "por ter respondido a alguns anseios mais urgentes dos trabalhadores e do povo". PCP esteve nesta terça-feira reunido com o Governo.

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As reuniões entre Governo e PCP para discutir OE recomeçaram nesta terça-feira LUSA/NUNO FOX

Apesar de ter afirmado que as negociações com o Governo para o Orçamento do Estado 2018 (OE2018) estão "a decorrer normalmente" e que o partido não leva "pedras no sapato" para as reuniões, o secretário-geral do PCP não deixou de fazer também, nesta terça-feira, alguns avisos ao Governo, como lembrar o executivo de António Costa de que o “prestígio” que alcançou “não foi por mérito próprio", mas "por ter respondido a alguns anseios mais urgentes dos trabalhadores e do povo".

De qualquer forma, e apesar de o PCP ainda não conhecer qualquer proposta do orçamento e de o Governo não ter conseguido cumprir a meta de fechar as grandes linhas do documento até ao Verão, o líder comunista garante que o processo está a andar: “No quadro do calendário existente, creio que não há atraso”, disse aos jornalistas, à margem de um almoço em Elvas (Portalegre), com os candidatos autárquicos da CDU neste concelho.

Questionado pelos jornalistas sobre as negociações com o Governo sobre o OE2018, o secretário-geral comunista revelou que "se iniciaram as reuniões" e que estas vão "continuar até à apresentação da proposta, depois da apresentação da proposta e mesmo após a própria votação na generalidade".

Segundo Jerónimo de Sousa, no âmbito deste processo, o que importa saber é se "o Governo minoritário do PS está disponível para alcançar o máximo de convergência" em torno do objectivo de prosseguir no país com o "caminho de reposição, de defesa e de conquista de direitos e de rendimentos".

"Portanto, não vamos para ali com pedras no sapato, não vamos para ali armados em campeões, mas a certeza vai ser esta: é que o PCP, nesse exame comum que está a ser feito, tudo fará para manter esta linha estratégica de conseguir uma melhoria no plano económico, no plano social, no plano de afirmação da nossa própria soberania, incluindo da nossa soberania orçamental", argumentou.

Essa, "possivelmente, não vai ser uma matéria fácil", admitiu, mas é com "esta visão construtiva" que o PCP encara as negociações do OE2018 e deseja "que o Governo acompanhe este grande objectivo".

O líder do PCP defendeu que, apesar de o seu partido ainda não conhecer qualquer proposta do OE2018, este não é o momento "para parar ou voltar para trás" nas políticas que têm sido seguidas.

O que é preciso, continuou, é que, "nas políticas orçamentais, se defina este grande objectivo, tendo em conta que se demonstrou" que o desenvolvimento económico do país faz-se "com a reposição de salários, rendimentos e direitos", pondo fim "aos cortes que atazanaram a cabeça aos portugueses durante anos".

Para o PCP, frisou, é possível "continuar este caminho, seja em termos da valorização geral dos salários, seja em relação a uma outra política fiscal, em que se atenda àqueles que são mais injustiçados", designadamente através do "aumento do número de escalões" do IRS.

E, argumentou Jerónimo de Sousa, é bom que o Governo do PS tenha noção de que o seu "actual prestígio não foi por mérito próprio", mas sim "por ter respondido a alguns anseios mais urgentes dos trabalhadores e do povo".

Nas eleições autárquicas de 1 de Outubro, a CDU avança com a candidatura à Câmara de Elvas da dirigente do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) Manuela Cunha, que desempenha as funções de assessora no grupo parlamentar do PEV, desde 1988.

O município alentejano é liderado pelo socialista Nuno Mocinha, que está a cumprir o primeiro mandato, tendo já anunciado a sua recandidatura ao cargo.