Unicórnios e concertos no telhado: começou o 25.º Vodafone Paredes de Coura
No primeiro dia do festival, já há cerca de 20 mil pessoas na Praia Fluvial do Taboão. Para sábado, dia em que toca Benjamin Clementine, esperam-se 25 mil espectadores, a maior enchente de sempre.
A meio da tarde, enquanto dezenas de pessoas se banham no rio Coura, tocam os Wedding Present num telhado muito próximo dali. Aparecem de surpresa no topo dos balneários de pedra junto ao Palco Jazz para o primeiro dos quatro concertos-surpresa das Vodafone Music Sessions, que pelo terceiro ano consecutivo fazem parte da agenda paralela do Vodafone Paredes de Coura, que arrancou esta quarta-feira para celebrar a 25.ª edição.
Vai ser assim até sábado. Todas as bandas que constam do cartaz desta edição são potenciais candidatas a tocar em espaços próximos da Praia Fluvial do Taboão, seja para quem garantiu o passe geral, já esgotado, seja para quem não comprou bilhete. É a primeira vez que todo o público tem acesso aos concertos que nos primeiros dois anos estavam reservados a um pequeno grupo convidado pela organização de forma aleatória para seguir em direcção a sítios inusitados: um penhasco, o quartel dos bombeiros locais...
Enquanto os britânicos espalham o seu indie rock made in anos 1980 pelo relvado que habitualmente serve de recinto ao Palco Jazz, que só arranca esta quinta-feira, continua a chegar gente carregada com tendas e mochilas na esperança de encontrar o melhor lugar à sombra. Desconfiamos não ser tarefa fácil. Desde o início de Julho que há tendas a marcar território na área reservada para o campismo.
Bernardo Simões acredita ainda ser possível. Vem com tenda, mochila cheia e muita vontade de ver Foxygen, BADBADNOTGOOD, Future Islands e Kate Tempest. Está em Paredes de Coura pela segunda vez, depois de uma primeira experiência que o marcou. “É um festival diferente dos outros”, diz sem dúvidas. Parte da afirmação é sustentada pelo cartaz que “não desilude” e a outra pelo local, que se distingue do de outros eventos realizados em zonas urbanas por ser “mais relaxante”.
Se no rio há quem se banhe e flutue em unicórnios, cisnes cor-de-rosa e barcos insufláveis, na vila há quem espreite os mupis da exposição na praça junto ao Centro Cultural de Paredes de Coura. São momentos das 25 edições registados por 23 dos fotógrafos/fotojornalistas mais regulares no festival.
Há quem prefira ficar junto ao rio para um momento de leitura antes do arranque dos concertos que nesta quarta-feira estão marcados apenas para o palco principal. Tocam a Escola do Rock, projecto que reúne vários músicos nacionais para interpretar temas de várias bandas que passaram pelo festival, e ainda Wedding Project, Mão Morta – a banda que mais vezes tocou em Coura, desta feita com um set orientado para o álbum Mutantes S.21, que soma 25 anos desde que foi editado –, BEAK>, Future Islands e Kate Tempest. Para os adeptos da leitura há a iniciativa Árvore dos Livros. Pendurados em várias árvores do recinto e da vila descobrem-se 40 títulos de autores nacionais e internacionais. Todos eles tem um código (QR code) que pode ser lido por um smartphone ou por um tablet e descarregado em formato pdf.
Com o dia de sábado a perfilar-se como o da maior enchente de sempre do festival (esperam-se 25 mil espectadores no encerramento, com Benjamin Clementine), já estão cerca de 20 mil pessoas no Vodafone Paredes de Coura para o arranque, diz a organização, mas não se sente o espaço a rebentar pelas costuras. Para Sara Freixo, de Aveiro, esta é uma das vantagens do festival, que apesar de ser procurado por milhares de pessoas não perde o característico ambiente "familiar”. Tem a mesma idade do festival, mas já o frequenta há “muitos anos”. A primeira vez que foi a Coura tinha ainda seis anos. Foram os pais que a levaram. Estiveram na primeira edição e em “muitas outras”. Ainda não tem filhos, mas quando os tiver tem uma certeza: “Cabe-me a mim passar o testemunho às próximas gerações."