Polícia mata 32 pessoas numa só noite nas Filipinas. “É magnífico”, diz Duterte
Em pouco mais de um ano, a guerra contra a droga nas Filipinas terá feito mais de 3400 mortes.
A brutal guerra contra o tráfico de droga nas Filipinas teve a sua noite mais sangrenta entre segunda e terça-feira, com a morte de pelo menos 32 pessoas pela polícia.
Mais de um ano depois de ter sido lançada a ofensiva contra os traficantes e toxicodependentes, as operações policiais que acabam em morte parecem já não surpreender os filipinos. Mas a violência da madrugada de terça-feira bateu um novo recorde.
Mais de 60 operações policiais em várias zonas da província de Bulacan causaram a morte a 32 pessoas. Foram feitas também 109 detenções, disse o superintendente da polícia nacional, Romeo Caramat, citado pela Reuters.
Foram apreendidas 21 armas de fogo e cerca de 100 gramas de shabu, uma metanfetamina muito popular no Sudeste Asiático e que se tornou no “inimigo número um” do Presidente Rodrigo Duterte.
Para o Presidente filipino – eleito no ano passado com a promessa de acabar com o tráfico de droga no país, nem que para isso tenha de chacinar parte da população – o balanço das operações em Bulacan foram uma boa notícia. “É magnífico. Vamos matar 32 todos os dias, talvez consigamos acabar com o que aflige este país”, afirmou esta quarta-feira.
Duterte é visto como o principal promotor das campanhas policiais sangrentas que em pouco mais de um ano fizeram mais de 3400 vítimas, de acordo com dados do próprio Governo. Em vários discursos públicos, o líder filipino encorajou a polícia e até civis a matarem traficantes e toxicodependentes, prometendo protecção e imunidade.
Organizações de defesa dos direitos humanos dizem que o verdadeiro balanço da guerra contra as drogas pode chegar a nove mil mortos, mas o Governo de Manila nega.
A oposição a Duterte apresentou uma queixa contra o Presidente e vários membros do seu círculo próximo no Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade por causa dos abusos cometidos pela polícia. A resposta de Duterte foi uma ameaça dirigida aos grupos de defesa dos direitos humanos: “Se estão a obstruir a justiça, nós disparamos contra eles.”