Agora é a vez de os designers criarem objectos em pedra portuguesa
Projecto Primeira Pedra inaugura esta semana exposição e presença em feira de São Paulo. Campana, Bouroullec, Fernando Brízio e Miguel Vieira Baptista entre os autores.
O projecto Primeira Pedra, que há ano e meio trabalha a divulgação da pedra portuguesa e suas potencialidades, chega esta semana ao Brasil com 11 novas peças para expor, da autoria de grandes nomes do design internacional – entre eles, além dos irmãos brasileiros Campana ou da dupla francesa Ronan e Erwan Bouroullec, estão os portugueses Fernando Brízio e Miguel Vieira Baptista. Será uma apresentação em dois espaços e momentos, primeiro na Casa de Vidro/Instituto Lina Bo Bardi, com inauguração esta terça-feira, e depois na feira de design MADE, no Pavilhão da Bienal de São Paulo.
Abrindo ao público no dia 3 na Casa de Vidro, a exposição das 11 peças fica até dia 27 naquele espaço, coincidindo e entre os dias 8 e 13 com a MADE. São “novas peças para o quotidiano do século XXI” tanto de “uso pessoal e doméstico” quanto do “espaço de trabalho ou público”, diz a curadora do projecto, Guta Moura Guedes, que preside à ExperimentaDesign em vésperas da última edição da bienal homónima e que continuará agora com projectos como estes, que a unem à Assimagra, associação representante dos minérios portugueses.
Depois de presenças em Veneza (na bienal), em Milão e no campus da Vitra na Alemanha, o projecto Primeira Pedra mostra-se no Brasil e pela primeira vez pela mão de designers. A pedra como base para o design de produto, que se torna num Mestiço de pequenas dimensões nas mãos dos Campana, conhecidos pelo seu trabalho em diálogo com as raízes brasileiras e com os materiais tradicionais do seu país – desta vez, pegaram no capacho de fibra de coco brasileiro e uniram-no aos mármores branco e ruivina-escuro, como se lê na apresentação de Common Sense, título de nova iniciativa do Primeira Pedra. “Um objecto único que suscita outras leituras e perspectivas sobre estes materiais.”
Brízio, por seu turno, construiu F=MA, um aparador com dois contrafortes em ruivina- escuro e cabos em tensão esticados pela pedra; Miguel Vieira Baptista pensou n’O Peso da Pedra criando um conjunto de várias peças investigando os princípios da arquitectura da época romana, sete elementos que juntos originam uma só peça, tudo em mármore-pele-de-tigre. Já Jasper Morrison, que como os portugueses fora já convidado pela Experimenta para outros projectos, como uma parceria com a corticeira Amorim, criou Alpinina para Common Sense, uma taça que flutua, apesar do peso do calcário homónimo. Os Bouroullec fizeram uma Fontaine, uma fonte pública de distribuição de água, esguia e modular, em mármore rosa sem veios que cria corrente e som e movimento.
Cláudia Moreira Salles, designer conhecida por trabalhar as madeiras do seu país com materiais mais pesados como o cimento ou o metal, criou Mancebo Angras e uma Bowl Compass – respectivamente um bengaleiro muito recto e sem braços a ramificar-se em mármore branco e uma taça-bússola em calcário semi-rijo e madeira Ipê-roxo. Por fim, o cipriota Michael Anastassiades, que trabalha nos vectores das artes plásticas além de em design, propõe para Common Sense o seu Forbidden Fruit, três peças em que alguns frutos têm uma cor por fora e outra por dentro e usam o mármore-pele-de-tigre, o ruivina- escuto e o rosa sem veios.