BE exige que gestão do SIRESP passe de privada e “incompetente” a pública e “competente”

Bloco apela aos grupos parlamentares para estarem “à altura” do momento e pressionarem o Governo para que gestão do SIRESP passe para o Estado.

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BE apresenta proposta na quarta-feira Enric Vives-Rubio

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda tenta passar a mensagem de forma clara, mas não é fácil descolar a proposta do momento. Pedro Filipe Soares garante que não é por causa do incêndio em Pedrogão Grande que o partido avança agora com uma proposta que pretende pôr o SIRESP nas mãos do Estado. Há muito que o Bloco defendia esta posição, justifica.

“O que é estratégico para o nosso país é garantir que uma gestão incompetente do SIRESP seja substituída por uma gestão competente, garantia essa que nós consideramos que só é alcançada pelo Estado. O SIRESP, quer na sua implementação quer na sua gestão, tem sido uma Parceria Público-Privada mais orientada para o negócio do que para o serviço às populações”, disse.

Pedro Filipe Soares falava aos jornalistas no Parlamento a propósito do debate agendado para esta quarta-feira sobre o sistema de comunicações SIRESP. Isto, porque o BE entende que este sistema, embora sendo “um dos pilares estratégicos das comunicações, em caso de catástrofe, de prevenção de alguma calamidade, de comunicação entre as forças de segurança, polícias, e bombeiros”, tem estado “aquém das necessidades do país”.

Pedro Filipe Soares não poupa nas palavras: “A gestão do sistema SIRESP tem sido claramente incompetente ao longo dos anos. Temos relatos cíclicos de falhas ou de intermitências do SIRESP e, para nós, numa matéria desta importância, tão estratégica para o país, não podemos deixar na mão de uma gestão privada incompetente aquilo que, depois, pode colocar em causa a segurança e a protecção das nossas populações.”

O bloquista define a proposta que vai esta quarta-feira a discussão e votação no Parlamento como “simples” e “importante”: a ideia é que “o Estado assuma a gestão do sistema SIRESP” e que a retire da mão de privados.

O líder parlamentar sabe que o momento escolhido para a proposta ver a luz do dia é delicado e, por isso, fez questão de clarificar que este passo não decorre de “nenhuma conclusão” sobre os acontecimentos das últimas semanas, nem do incêndio de Pedrogão Grande em particular. “É uma opinião que o BE já tinha antes de qualquer um destes acontecimentos. E, sobre esse incêndio em particular, as responsabilidades estão ainda a ser investigadas, aguardaremos com tranquilidade o resultado dessas investigações”, disse.

A proposta foi enviada para os grupos e parlamentares e para o Governo. “Esperamos que todos os grupos parlamentares estejam à altura da exigência deste momento e nos acompanhem na exigência perante o Governo, para que resgate para as mãos da gestão pública o SIRESP que agora está nas mãos da gestão privada”, apelou.

Alerta ao Governo: rever as prioridades da Defesa

Questionado pela comunicação social sobre o caso de Tancos, Pedro Filipe Soares reafirmou que todas as hipóteses devem ser investigadas, para que se apure de quem é a responsabilidade, e espera que haja mais informações sobre o assalto quando o ministro da Defesa for ao Parlamento. Apesar de considerar o caso “extremamente grave”, e de ver com “alguma” naturalidade a preocupação do Presidente da República, o bloquista mostra-se cauteloso em alongar-se em mais considerações, sem outros dados disponíveis e sem a audição do ministro realizada.

Apesar dessas cautelas, aproveitou para deixar um alerta ao Governo. Insistiu que, mais do que o valor global do orçamento do Ministério da Defesa, é preciso “repensar” as prioridades de investimento desse montante. Prioridades que “parecem ter estado erradas”, afirmou.

“Não ignoramos, e queria deixar isto bem claro, que já temos um Governo em funções há um ano e meio e que necessariamente fizemos diversos alertas que responderiam a algumas destas questões. Por isso, insistiremos em várias destas temáticas”, garantiu.

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