Incêndios: Presidente exige que “tudo” seja apurado no plano "técnico e institucional"
Marcelo Rebelo de Sousa diz que tudo fez para que combate aos fogos tenha sido feito em "clima de unidade nacional"
O Presidente da República considera que chegou o momento de se apurar rapidamente, “sem limites ou medos” o que “estrutural ou conjunturalmente” possa ter causado o que aconteceu nos incêndios de Pedrógão Grande e a resposta que foi dada. Num artigo no semanário Expresso, Marcelo Rebelo de Sousa assume como “missão” garantir que todas as perguntas sobre a tragédia tenham respostas.
Depois de uma semana em que os responsáveis políticos – incluindo Marcelo - se contiveram em pedir responsabilidades ao Governo, o Presidente da República vem agora mudar o tom num momento em que os fogos estão mais controlados. “É tempo de, sem limites ou medos, se apurar o que, estruturalmente ou conjunturalmente, possa ter causado ou influenciado quer o sucedido quer a resposta dada. No plano técnico e institucional”, escreveu no semanário. Como “imperativos da presente hora”, o Presidente definiu a necessidade de “terminar a árdua missão dos últimos dias”, “acelerar a reconstrução” e o “apurar tudo, mas mesmo tudo o que houver a apurar”, apontando os próximos meses como “muito exigentes”.
Depois de já ter sido criticado por inicialmente ter dito que tudo estava a ser feito para dar resposta ao incêndio descontrolado de Pedrógão Grande, Marcelo Rebelo de Sousa parece justificar a sua intervenção no passado sábado e a contenção ao longo da última semana: “O Presidente da República tudo fez para criar condições aos operacionais de combate ao fogo em clima de unidade nacional”. Mas – acrescenta – “entender ser sua missão garantir agora que todas as interrogações sobre factos e responsabilidades tenham uma resposta rápida e exaustiva”.
Esta sexta-feira a Autoridade Nacional de Protecção Civil admitiu que os problemas com a rede SIRESP existiram durante quatro dias, entre o passado sábado (dia em que deflagrou o incêndio em Pedrógão Grande) e terça-feira. Depois de ter recebido a resposta da ANPC, o primeiro-ministro pediu à noite “esclarecimento cabal” do ocorrido à ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa. Na edição do Expresso deste sábado, António Costa disse que foi dado apoio permanente e incondicional aos agentes da Protecção Civil no combate “tão dramático”, mas que agora o Governo irá cumprir o dever de avaliar o que foi feito, “louvando o que merecer ser louvado, censurando o que exige ser sancionado". E acrescenta: “Seria mais cómodo o sacrifício mediático de uma colega de Governo, de um comandante da Protecção Civil ou mesmo do graduado da GNR que regulava o trânsito local”.