Ministro do Ambiente desvaloriza disputa na candidatura a Agência Europeia do Medicamento

Em Maio, todos os deputados apoiaram no Parlamento a candidatura de Lisboa a sede da Agência Europeia de Medicamentos. Agora, muitos questionam a própria decisão.

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Matos Fernandes prefere destacar a capacidade de Portugal vencer a candidatura LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O ministro do Ambiente desvalorizou esta sexta-feira a disputa de cidades portugueses para a receber a Agência Europeia do Medicamento (EMA), referindo que o que está causa é "saber se Portugal tem condições para atrair" o organismo.

"Não estamos a discutir se é em Braga, no Porto ou em Lisboa e, nesse contexto, a decisão que foi tomada [de candidatar Lisboa] foi informada pelo grupo técnico", disse João Pedro Matos Fernandes aos jornalistas, no Porto, à margem de uma cerimónia de entregas de chaves de casas reabilitadas pela Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) Porto Vivo no morro da Sé.

Segundo Matos Fernandes, "na concorrência que existe" entre 20 países europeus dispostos a acolher a EMA, "o que o grupo técnico disse foi que Lisboa estaria em melhores condições para trazer para Portugal a Agência do Medicamento". Questionado sobre a proposta que a Câmara do Porto aprovou por unanimidade na terça-feira para criar um grupo de trabalho para candidatar a cidade a acolher a Agência Europeia do Medicamento (EMA), mas apenas desde que o primeiro-ministro, António Costa, garanta "rever" a decisão de candidatar Lisboa, o ministro do Ambiente recusou comentar, considerando não ser a pessoa indicada para responder.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu na quinta-feira que os partidos "estabilizem a opinião" sobre a localidade portuguesa a candidatar à EMA, escolham "a que tem melhores hipóteses de ganhar" e "remem na mesma direcção".

"O que o PR pode desejar, em primeiro lugar, é que rapidamente os partidos definam uma posição. Se é a que tinham, se é outra e qual: Porto ou Braga. Depois, que definam por consenso, para um não defender uma coisa e outro defender outra", pediu Marcelo Rebelo de Sousa, questionado sobre a possibilidade de ainda haver unidade nacional relativamente à localidade portuguesa a candidatar à sede da EMA, que deve abandonar Londres com a saída do Reino Unido da União Europeia.

Numa carta dirigida ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, a que a Lusa teve acesso, o primeiro-ministro explica ter decidido candidatar Lisboa devido à "conveniência da proximidade do Infarmed" e por "ser factor de preferência a existência de Escola Europeia, que só Lisboa poderá vir a ter".

Fonte oficial do Governo afirmou na quinta-feira à Lusa que o primeiro-ministro defendeu, até ao "último momento possível", a candidatura do Porto para sede da EMA, mas a comissão de avaliação nomeada pelo Governo concluiu que Lisboa oferecia maiores garantias de êxito na corrida.

De acordo com a mesma fonte do executivo, o primeiro-ministro teve de mudar a sua posição depois de a comissão da candidatura portuguesa se ter deslocado ao Reino Unido, onde analisou na sede da própria agência as condições base de sucesso para uma corrida que está a ser disputada por cerca de 20 cidades europeias.

Em resposta, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou na quinta-feira, em comunicado, que nunca foi contactado para qualquer contributo ou avaliação da comissão de candidatura nacional para a instalação da EMA.
No comunicado, o independente Rui Moreira diz ter recebido "com enorme surpresa" a notícia da deslocação da comissão em causa a Londres, e que ali terá concluído que o Porto não seria a localização mais segura para a candidatura portuguesa à EMA.

A sede da EMA deve abandonar Londres com a saída do Reino Unido da União Europeia, e a possibilidade da candidatura de Portugal, com vários políticos e localidades a reivindicar a sede da agência europeia, depois de o Governo ter escolhido Lisboa, tem gerado forte polémica.