10 de Junho: Presidente coloriu a festa com a escolha do retrato oficial
Chefe de Estado preside neste sábado, no Porto, à cerimónia evocativa do 10 de Junho, uma sessão que contará também com o primeiro-ministro. A seguir, os dois partem para o Brasil.
Onze anos depois, a cidade do Porto voltou a acolher as comemorações do Dia de Portugal que começaram nesta sexta-feira com um dia recheado de iniciativas, presididas pelo Presidente da República. O içar da bandeira nacional frente ao edifício da Câmara do Porto abriu as portas às celebrações oficiais do 10 de Junho e os portuenses associaram-se aos festejos, saudando efusivamente o chefe de Estado.
“Viva o Presidente! Viva o nosso Presidente! Ó senhor Presidente, deixe-me tirar-lhe uma foto”, diziam as pessoas à medida que se cruzavam com Marcelo Rebelo de Sousa, que ontem dedicou parte da manhã a visitar as tendas e os vários equipamentos instalados na Avenida dos Aliados que, por estes dias, se transformou no quartel-general das Forças Armadas. Toda a placa central, desde a Câmara do Porto até ao Hotel Intercontinental, encontra-se preenchida com tendas e equipamento para demonstrações das Forças Armadas. O objectivo das actividades é dar conhecer as competências da Marinha, do Exército e da Força Aérea.
A Marinha tem ali um dispositivo que permitem às pessoas experimentarem um baptismo de mergulho. Tem também um simulador de navegação a par de diversas viaturas, como a lancha de assalto rápido ou o veículo anfíbio. Já o Exército, oferece escalada e rappel, contando com uma torre multiusos, diversas viaturas e tendas específicas. Da parte da Força Aérea, há uma aeronave Alfa Jet, um F-16 e um helicóptero Alquette III.
A visita acabara de começar e o Presidente quis fazer um brinde à cidade, convocando o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, que o acompanhava, a saborear um vinho do Porto. Azeredo Lopes brindou e convidou-o a petiscar uma fatia de bôla de carne ou um quadradinho de pizza, mas Marcelo recusou com um argumento de peso: “Estou a fazer um pouco de regime”.
À medida que a visita decorria, as pessoas atropelavam-se para cumprimentar o chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas que não recusava um abraço, um beijo, um cumprimento. Ao descer de uma embarcação de assalto anfíbia dos fuzileiros, o Presidente era aguardado por dezenas de crianças da Escola Básica das Campinhas (Ramalde), que, aos saltos, não se cansavam de chamar por ele. ”Marcelo! Marcelo! És o nosso Presidente preferido”. Sorridente, aproximou-se e trocou breves palavras com eles e beijou carinhosamente uma das crianças na cabeça.
A poucos metros, Alfredo Pinto aguardava pacientemente junto à tenda de Recrutamento do Exército para tirar uma foto com o Presidente da República. “Estive com ele há duas semanas quando veio ao Porto e distribuiu comida aos sem-abrigo e hoje gostava de tirar uma foto, mas não consigo apanhá-lo, estão-me sempre a empurrar”, disse Alfredo Pinto ao PÚBLICO. Este homem com mais de 80 anos, que fez campanha por Marcelo quando disputou a liderança do PSD, foi uma das crianças que, em 1942 (na altura com 12 anos), protagonizaram o filme Aniki Bobó, a primeira longa-metragem de Manoel de Oliveira.
Antes de subir ao F-16, estacionado em plena Praça da Liberdade, o Presidente responde numa frase a uma pergunta informal da RTP que o questiona sobre a exposição: “Isto está muito bem organizado”.
Mas a parte mais interessante do dia em que Marcelo cumpriu um terço do seu mandato na Presidência da República estava para acontecer. No meio de uma agenda carregada, o chefe de Estado decide passear a pé pelas ruas do Porto e acaba entrando numa galeria da Rua do Almada. Eram aproximadamente 13h30, quando Marcelo decide entrar no número 314 da Rua do Almada, minutos depois de uma senhora lhe ter dito que havia um retrato seu na montra.
“Ele chegou com os seguranças todos atrás, entrou com a guarda à civil e a assessoria toda, surpreendeu-se com o quadro e surpreendeu-me a mim. Disse-me que gostava que este fosse o seu retrato oficial e perguntou aos assessores como podia levá-lo. Eu sugeri: 'Ó Presidente, se quiser eu levo-lho a casa'. E ele convidou-me a ir a Lisboa. 'Traga-mo até ao final do mês'. Eu fiquei sem fala: 'Ó meu Presidente, isso é uma maravilha. Fica combinado', disse-lhe", contou o mestre António Bessa à Lusa.
Mais tarde, na Casa do Infante, depois de ter inaugurado a exposição O Foral do Porto. 1517-2017, Marcelo explicou aos jornalistas que escolheu o seu “retrato oficial” que deverá representá-lo no fim do mandato e que é da autoria do mestre Bessa que “apanhou o estilo e a maneria de ser” do Presidente a República.
“Ele tem uma Ribeira espectacular, é um bom retratista e, no meu caso, no retrato feito há cerca de um ano, apanhou o estilo e a minha maneira de ser. É um bom retrato daquilo que terá sido, no final, o meu mandato na Presidência da República”, declarou. O retatro tem 1,4 metros de altura por um metro de largura. No centro de uma tela pintada a óleo que demorou cerca de dois meses a executar, está Marcelo Rebelo de Sousa sentado numa escada "exactamente como ele é, informal e com ar sorridente", descreveu o pintor.
A obra foi feita a partir de uma fotografia e agradou “muito” a Marcelo, porque o pintor lhe “apanhou no estilo e na ideia global”. É provável que o quadro conhecido ontem venha a constar da galeria de retratos do Museu da Presidência da República.
Este episódio terá sido partilhado pelo chefe de Estado com o primeiro-ministro. A meio da tarde, o Presidente reuniu-se com o primeiro-ministro, na Casa do Roseiral, cedida pelo presidente da Câmara do Porto, para a habitual reunião semanal, e Marcelo contou a António Costa como foi o seu dia no Porto. Que acabou já tarde, junto à Sé do Porto, donde Presidente, primeiro-ministro, presidente da Câmara do Porto e convidados assistiram a um espectáculo de fogo-de-artifício.
Presidente e primeiro-ministro estão juntos nas comemorações do Dia de Portugal, que decorrem na Foz, após o que embarcam para o Brasil. Este ano, as comemorações do Dia de Portugal estendem-se às cidades do Rio de Janeiro e a São Paulo.