Central nuclear de Almaraz pede renovação de licença para depois de 2020

O prazo para renovação de licença terminava esta quarta-feira.

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Para sábado, em Madrid, está marcada uma manifestação contra a continuação de centrais nucleares que tem a presença de organizações portuguesas LUSA/ANTÓNIO JOSÉ

A central nuclear espanhola de Almaraz, perto da fronteira com Portugal, pediu ao governo de Madrid a renovação da licença de exploração que termina em 2020.

A informação foi confirmada pelo responsável pelas relações institucionais da central de Almaraz, Aniceto González, em declarações à Europa Press, a quem explicou que terminava esta quarta-feira o prazo para pedir a renovação da licença.

A agência privada de notícias explica, citando González, que a central entregou toda a documentação para a renovação da licença ao Ministério da Indústria espanhol, que por sua vez a reencaminhará para o Conselho de Segurança Nuclear.

Será o Conselho que deverá iniciar o processo de análise e avaliação sobre o pedido e elaborar um parecer sobre a continuação ou não do funcionamento, que enviará ao Governo.

A última licença de renovação da Central foi dada pelo Ministério da Indústria a 08 de Junho de 2010, por um período de 10 anos. Agora, em caso de o pedido ser aceite, não se sabe por quantos anos será licença, disse o responsável, citado pela agência.

Sobre a questão de Almaraz, polémica em Portugal dada a proximidade da fronteira, o ministro do Ambiente disse esta quarta-feira que actualmente "não há nada a discutir", depois de o assunto ter sido debatido na recente cimeira ibérica.

Pedro Soares, deputado do Bloco de Esquerda, diz – numa nota enviada ao PÚBLICO – que processo de renovação “arrancou nas barbas do Governo português”. O deputado acusa as autoridades espanholas de irem “empatando, enquanto o plano nuclear vai avançando” tornando-se num “facto consumado”.

Pedro Soares afirma que, apesar da orientação parlamentar “unânime” sobre a matéria, o executivo “está rendido e não esboça sequer um gesto de desagrado” sobre o caminho que o processo está a tomar.  

Dias depois da cimeira, que se realizou em 29 e 30 de maio, "o governo espanhol tornou pública a [intenção] de não se comprometer com qualquer decisão relativamente ao nuclear enquanto não elaborar um plano de energia e clima, o que acontecerá durante o ano 2018", disse o ministro.

Para sábado, em Madrid, está marcada uma manifestação contra a continuação de centrais nucleares que tem a presença de organizações portuguesas

A possibilidade de a central de Almaraz, localizada junto ao rio Tejo e a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, ter licença para prolongar o funcionamento além de 2020 e a construção de um armazém para resíduos nucleares perto da unidade, tem suscitado oposição em Portugal e em Espanha.