APA diz que não vai tirar areia ao mar para obras na Figueira da Foz
Movimento cívico contesta intervenção, que considera que vai agravar o défice de sedimentos.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) garante que não vai retirar areia ao mar para fazer o reforço do cordão dunar das praias do Cabedelo e da Leirosa, a Sul da Figueira da Foz. A APA já tinha referido ao PÚBLICO que, para a obra da praia do Cabedelo, o reforço do cordão dunar seria feito com recurso a areia retirada do Cabedelinho, que fica a 300 metros e onde há maior acumulação de sedimentos.
Em resposta a novo pedido de esclarecimento do PÚBLICO, o gabinete de comunicação da APA informa que “foram promovidas diligências entre a APA e o Porto da Figueira da Foz em 31.03.2017, tendo ficado definida a proveniência dos sedimentos a partir da praia do Cabedelinho”. No entanto, a entidade diz que o local da recolha de sedimentos “não consta” do caderno de encargos que a empreiteira da obra está contratualmente obrigada a cumprir.
Com uma versão contrária, Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, que consultou o projecto na íntegra, garante que no documento está previsto “explicitamente” a ripagem de areias. O activista assegura que no projecto está escrito que o reforço das dunas do Cabedelo, Leirosa e Vagueira (fazem todas parte do mesmo projecto) deve ser feito com areia “proveniente da ripagem da zona de rebentação”.
Em relação à praia da Leirosa, a Sul do Cabedelo, o movimento tinha publicado um vídeo que mostrava uma escavadora a trabalhar à beira mar. Miguel Figueira referia que estavam em curso trabalhos de ripagem de areias, o que significa a destruição da duna hidráulica, “com a retirada de sedimentos ao mar” para fazer o reforço da primeira duna.
No entanto, a APA, sem fazer qualquer referência às máquinas, refere que o “volume de sedimentos já executado para reforço do cordão dunar a norte da praia da Leirosa foi proveniente dos trabalhos de reperfilamento das linhas de água Rego da Azenha e Rego do Meio D’Água com vista à melhoria das condições de escoamento”. A agência responsável pela intervenção garante ainda que “os restantes trabalhos previstos não serão executados com ripagem de areias”, apesar de não especificar a origem dos sedimentos.
O movimento já avançou com uma queixa junto da Comissão Europeia, por considerar que o projecto de intervenção da APA naquelas praias vai agravar o défice de sedimentos.