PS-Matosinhos rejeita colocar independentes em lugares cimeiros das listas
Em causa estão o número dois para a câmara, o cabeça de lista para a assembleia municipal e os candidatos às quatro uniões de freguesia.
Há uma nova guerra no PS de Matosinhos. A comissão política concelhia não aceita que a lista que o partido apresenta à câmara ceda o segundo lugar a um independente e insurge-se pelo facto de a lista à assembleia municipal ser liderada por outro independente.
Em causa estão os nomes de Eduardo Pinheiro, actual presidente da câmara, e Palmira Macedo, que se recandidata à presidência da Assembleia Municipal de Matosinhos. Nas últimas autárquicas, tanto Eduardo Pinheiro como Palmira Macedo foram eleitos nas listas do movimento de Guilherme Pinto, que abandonou o PS para se candidatar como independente à autarquia, nas eleições de 2013.
Os socialistas de Matosinhos defendem que, sendo a candidatura do PS, o segundo lugar na lista e o cabeça de lista à assembleia “devem ser ocupados por quadros do PS”. O mesmo princípio é também válido para os candidatos às quatro uniões de freguesia do concelho.
“A concelhia de Matosinhos admite que nas listas para a câmara e assembleia municipal possa haver independentes em número nunca superior a 30%”, lê-se num documento a que o PÚBLICO teve acesso. O texto acrescenta que nas listas das uniões de freguesia que juntaram duas antigas freguesias haja abertura aos independentes em número nunca superior a 30%; e que nas listas das uniões de freguesia que juntaram três antigas freguesias, essa percentagem baixe para os 25%.
À excepção de um, todos os pontos que constavam da ordem de trabalhos da reunião extraordinária da concelhia de Matosinhos e que decorreu na passada sexta-feira foram aprovados. O ponto adiado refere-se à “análise e decisão sobre a avocação de todo o processo autárquico por parte da distrital do PS-Porto e da escolha do primeiro candidato à câmara, contrariando uma decisão da comissão política concelhia”.
Ao ter conhecimento da agenda da reunião, o líder do PS-Porto, Manuel Pizarro, solicitou ao presidente da Comissão Federativa de Jurisdição, Luciano Vilhena, que se pronunciasse sobre a “legitimidade estatutária do processo”, uma vez que a escolha do candidato à câmara [Luísa Salgueiro] fora avocada pela distrital, apesar de a concelhia ter votado o nome de Ernesto Páscoa, presidente da concelhia, para candidato.
Luciano Vilhena acena com “eventuais implicações disciplinares”, o que indignou os militantes de Matosinhos. Numa nota de esclarecimento, o líder federativo compromete-se a não tomar qualquer iniciativa no sentido de aplicar sanções aos militantes, mas deixa um recado: “Cada um deve proceder de acordo com a sua consciência, em plena liberdade, com sentido de responsabilidade de quer ninguém está dispensado”.