Rui Moreira culpa secretariado do PS pela ruptura no Porto

Autarca independente não fecha a porta a um eventual entendimento pós-eleitoral com socialistas.

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Rui Moreira e Manuel Pizarro na primeira cerimónia pós-crise na Câmara do Porto com o PS LUSA/ESTELA SILVA

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afastou esta segunda-feira qualquer responsabilidade na ruptura com o PS. Afirmou que não renunciou ao apoio de ninguém e culpou o secretariado nacional do Partido Socialista pela crise que pôs fim ao acordo de governação da câmara, ao apoio do partido à sua reeleição, e à entrada em cena de Manuel Pizarro, o líder distrital dos socialistas que até à semana passada era visto como o número dois na câmara e que passou a ser um candidato rival à presidência da câmara.

“É uma perturbação que vem de fora, disse Rui Moreira em entrevista à TSF. Para o autarca, tudo começa em Abril com a entrevista ao Expresso da secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, na qual afirmou que o partido teria “uma representação forte” nas listas do autarca independente. “Não faz sentido estar a condicionar a partir de Lisboa”, protestou Moreira, vincando que aquilo que António Costa lhe oferecera, e que ele agradecera, era um apoio incondicional, não dependente da negociação de lugares.

Em Abril, Moreira reagiu que não haveria “jobs for the boys” dos partidos que apoiavam a sua recandidatura independente (CDS e então também PS). Na semana passada Ana Catarina Mendes “reassumiu”, em entrevista ao Observador, que o PS teria uma “representação forte”, após “negociação”, na lista de Moreira, levando o núcleo duro do movimento O Nosso Partido é o Porto a anunciar que prescindia do apoio do PS nas próximas autárquicas. No sábado, o PS decidiu candidatar Manuel Pizarro à presidência da câmara, como em 2013.

Na entrevista à TSF, Rui Moreira recorda que o eurodeputado do PS Manuel dos Santos escreveu no Facebook que “havia um acordo secreto ao mais alto nível” que passava por o autarca ir para ministro ou para o Parlamento Europeu, com Manuel Pizarro a chegar assim à presidência da Câmara do Porto, num “golpe palaciano”. “Desmenti no próprio dia”, disse Moreira, criticando a direcção nacional do PS por não ter tirado “a confiança política” a Manuel dos Santos nem ter posto “ordem na casa”.

E elogiou a “lealdade” do líder da concelhia do PS, Tiago Barbosa Ribeiro, e dos vereadores Manuel Pizarro e Manuel Correia Fernandes, que ontem lhe devolveram os pelouros da Habitação Social e do Urbanismo na Câmara do Porto. Admitiu que o próprio Manuel Pizarro tenha sido “alvo daqueles que nunca se conformaram” com a solução governativa para o município do Porto acordada após as eleições de 2013, e que desagradaria a parte do secretariado nacional de então e a alguns autarcas da região. “Lançaram bombas, o Porto foi alvo do centralismo”. O presidente da Câmara do Porto diz que “havia uma solução que a cidade do Porto queria e que agora já não vai ser a mesma”. “Num secretariado-geral as contas são diferentes e foi por isso que isto chegou ao fim”, afirmou, manifestando depois “a certeza de que António Costa não queria isto”.

Para Moreira, Ana Catarina Mendes “não precisava de corrigir o tiro, o que não podia era pôr em dúvida o que estava combinado, algures em corredores, algures lá para o lado do Largo do Rato”. “As duas vezes em que interveio foi para atirar achas para a fogueira que está a arder. Nós quando temos incêndios apagamos os nossos incêndios, não vamos apagar os do Largo do Rato.”

Sobre a decisão de Manuel Pizarro e Correia Fernandes de devolverem os respectivos pelouros, o presidente da Câmara do Porto disse que aceita a saída dos vereadores: “A distribuição dos pelouros a única coisa que me vai dar é mais trabalho”.

Esta segunda-feira à noite, à entrada para uma sessão da Assembleia Municipal do Porto, Manuel Pizarro não quis comentar a entrevista de Rui Moreira. E riu-se quando confrontado com a ideia de esta crise ter sido provocada pelo secretariado nacional do Partido Socialista. com Patrícia Carvalho

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