Estrela, Santos, Campolide e Amoreiras: afinal uma destas zonas pode não ter metro
Ministério do Ambiente emitiu segundo comunicado em que já não fala de quatro novas estações.
A rede do Metropolitano de Lisboa vai ser alargada nos próximos anos. Isso parece ser um facto. Agora resta saber exactamente onde é que serão as novas estações, e quantas, bem como o respectivo investimento. Isto porque, num primeiro comunicado, enviado na tarde desta sexta-feira, o Ministério do Ambiente anunciou, e foi citado pelo PÚBLICO e diversos outros órgãos de informação, que iriam surgir quatro estações até 2022: Estrela, Santos, Campolide e Amoreiras. Uma hora depois, emitiu um novo comunicado onde já não se referem as estações.
Com a expectativa de ver crescer o número de passageiros em 12 milhões, o ministério liderado por João Pedro Matos Fernandes mencionava ainda outros investimentos mais pequenos e quantificava o montante requerido no valor global de 684 milhões de euros.
Depois, num segundo comunicado, o ministério veio afirmar que a primeira nota enviada continha incorrecções e que "os valores de investimento referidos estavam errados". Ao mesmo tempo, deixou de haver referência às novas estações, que, afinal, podem não ser quatro.
Até aqui, o Governo tinha dado como certas as estações da Estrela e de Santos, como garantiu ao PÚBLICO em Dezembro.
O processo deverá ficar clarificado na próxima segunda-feira, dia para o qual já estava marcada uma cerimónia pública com a presença do ministro e do presidente do Metro de Lisboa, Vítor Santos, bem como do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina. Nessa altura, será então apresentado o plano de desenvolvimento operacional da rede do metro.
Na notícia publicada em Dezembro, adiantava-se que a ideia do Governo era ter as estações da Estrela e de Santos prontas a funcionar em 2021. Com esta estratégia, prolonga-se a linha amarela até ao Cais do Sodré, numa obra avaliada em 215 milhões de euros. Quanto à linha vermelha, pretendia-se, pelo menos, ter uma ligação a Campo de Ourique.
Numa resposta enviada há dias aos deputados do PSD, sobre uma eventual discriminação das populações de Amadora e Sintra, a chefe de gabinete do Ministério do Ambiente, Ana Cisa, recordava que o plano de expansão do metro de Lisboa 2010-2020 foi aprovado em 2009, e sem nunca ter sido revogado "foi, aparentemente, ignorado pelos XIX e XX Governo" PSD/CDS.
"Faz parte do plano de expansão um conjunto de extensões, incluindo a expansão da linha Azul até ao Hospital Amadora-Sintra mas, também, e de forma prioritária, a extensão da linha amarela até ao Caís do Sodré e da linha vermelha até Campo de Ourique, ambas em fase de estudo aprofundado".
De acordo com o comunicado final enviado esta tarde, o plano de desenvolvimento operacional do metro "acautela ainda o reforço de material circulante e a contratação de mais colaboradores".
"O descongestionamento à superfície, a redução dos tempos de percurso e a diminuição das emissões” de dióxido de carbono, diz o ministério, "são alguns dos benefícios deste investimento, orientado para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos".
Para este ano, o Governo garante que vai "ampliar o cais da estação de Arroios e reabilitar instalações, nomeadamente as escadas mecânicas da estação Baixa-Chiado".
Na nota enviada aos deputados do PSD, a chefe de gabinete do Ambiente faz também referência à redução da oferta em três estações da linha Azul (Reboleira, Amadora-Este e Alfornelos), defendendo que esta "não foi tão significativa como afirmado". "A acção justificou-se na necessidade de ajuste operacional, da qual resultou, aliás, maior oferta na linha Azul e muito maior regularidade em todas as estações", refere o ministério.
De acordo com o Governo, este é "uma situação temporária", que deverá prolongar-se até Julho, mês em que a tutela espera que o metro "consiga ultrapassar as limitações de material circulante que surgiram pelo adiamento sucessivo de processos de manutenção verificado entre 2012 e 2015".
Campolide: "Não fazia sentido estar alheada do crescimento do metro"
A confirmar-se, esta expansão vem concretizar “uma das causas mais antigas” da freguesia de Campolide, refere André Couto, presidente da junta. Esta é “uma zona histórica da cidade que não fazia sentido que estivesse, como esteve até agora, alheada do crescimento do metro”. Depois de vários cortes nos serviços da Carris, é “com muita satisfação” que a freguesia é incluída “no ciclo de investimento na mobilidade urbana” na cidade, acrescenta.
Campolide vê assim, “a curto e médio prazo, as portas abertas para duas antigas reivindicações”: a entrada do metro na freguesia e o regresso do eléctrico 24, cuja circulação deve ser retomada este Verão, fazendo a ligação ao Cais do Sodré.
A chegada do metro às Amoreiras, no limite das freguesias de Campolide e Campo de Ourique, era uma batalha travada por moradores e trabalhadores desta última. Existe mesmo uma petição pública, “Metro em Campo de Ourique”, assinada por mais de 800 pessoas e que reivindica que Campo de Ourique seja incluído na expansão do metropolitano, por ser uma freguesia “com uma população flutuante crescente”, servida de importantes estabelecimentos de ensino, entre os quais a Escola Manuel da Maia, a Escola Josefa de Óbidos, o Colégio dos Salesianos e a Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, e com intensa dinâmica comercial e empresarial. É na freguesia que se situa o Centro Comercial e as Torres das Amoreiras.
Já a expansão do metro para Santos e Estrela tem a oposição do presidente da junta de freguesia da Estrela. Luís Newton escreveu, em Novembro num artigo de opinião publicado no Público, que “as prioridades deveriam ser outras”. O autarca considera que as duas estações de metropolitano previstas para a freguesia são “irrelevantes para o esforço de diminuir o número de carros que circulam em Lisboa.” Uma estação em Alcântara devia ser a aposto do Governo, aponta.