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Papa anuncia canonização de Francisco e Jacinta a 13 de Maio em Fátima

Os dois pastorinhos, que morreram com nove e dez anos de idade, serão os mais jovens santos não-mártires da Igreja Católica. O seu culto passará a ser universal.

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Canonização será um dos pontos altos da passagem de Francisco por Fátima Adriano Miranda

Dezassete anos depois de João Paulo II ter beatificado Francisco e Jacinta Marto, o Papa Francisco dá no próximo dia 13 de Maio, em Fátima, o passo que faltava para que os dois irmãos sejam considerados santos: a cerimónia de canonização foi marcada para esse dia, prometendo ser um dos pontos altos das comemorações do centenário das Aparições.

A partir desse dia, o culto aos dois pastorinhos passará a ser considerado universal, segundo a Igreja Católica, que terá em Jacinta Marto, que morreu com nove anos, a mais nova santa não-mártir entre os católicos. O seu irmão, Francisco, foi também afectado pela chamada gripe pneumónica, dez meses antes. Ambos carregavam já uma fama de santidade, muito por conta das provações a que, juntamente com a prima Lúcia, tinham sido submetidos, depois de terem declarado que viram a Virgem Maria aparecer de branco, em cima de uma azinheira, na Cova da Iria, onde todos costumavam pastorear o rebanho da família.

Por, nesse dia 13 de Maio de 1917, terem sido “receptáculos” da mensagem divina acerca do iminente fim da I Guerra Mundial, segundo a Igreja Católica, as crianças, pobres e analfabetas, foram retiradas à família, interrogadas e induzidas a cumprir longos período de fome, sede e penitências várias antes de morrerem, depois de vários meses combalidos pela pneumónica que, entre 1918 e 1919, terá vitimado para cima de 40 milhões de pessoas. Enterrados no cemitério de Ourém, os seus restos mortais haveriam de ser trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, mas apenas na década de 50, sendo que o rosto de Jacinta, segundo o relato da terceira vidente, Lúcia, que viveria em clausura até aos 97 anos de idade, se manteria "íntegro" aquando da primeira trasladação, de Ourém para Fátima, em 1935.

A confirmação, por parte do Papa, de que a cura de uma criança brasileira se tratou de um milagre inexplicável pela lente da medicina fora dada já em Março. O jornal oficial do Vaticano adianta agora alguns pormenores sobre o caso, ocorrido em 2013. A criança tinha seis anos quando, em casa do avô, caiu acidentalmente de uma janela com cerca de sete metros de altura. Sofreu um grave traumatismo crânio-encefálico, com perda de matéria cerebral. Foi operada e, segundo os médicos, caso sobrevivesse, viveria em estado vegetativo ou, no melhor dos cenários, com graves deficiências cognitivas.  Apesar do prognóstico, a criança recebeu alta pouco depois sem qualquer dano neurológico ou cognitivo. No momento do incidente, o pai da criança invocou os dois pequenos beatos e, nessa mesma noite, a família e uma comunidade de freiras rezaram pela intercessão das crianças de Fátima.

Era o segundo milagre que faltava para a canonização. O primeiro, que sustentara a beatificação das duas crianças, ocorrera em 1987, quando a portuguesa Maria Emília dos Santos, paralisada há mais de duas décadas, recomeçou a andar por via daquilo que acreditou ser a intervenção dos pastorinhos de que era devota.

Cumpridos os trâmites, o Papa Francisco anunciou esta quinta-feira durante o consistório (reunião de cardeais) que a cerimónia de canonização decorrerá no dia 13 de Maio, durante a missa que vai celebrar no santuário. As reacções ao anúncio, do lado da Igreja portuguesa, foram em tom apoteótico.  Os sinos do Santuário de Fátima tocaram a repique, cerca das 9h40, quando a notícia lá chegou. O reitor do santuário, Carlos Cabecinhas, sublinhou que a escolha de Francisco traduz o reconhecimento de Fátima como “escola de santidade” e falou de uma “alegria indizível. “Escolher Fátima para este acto solene da Igreja universal é reconhecer a importância mundial de Fátima”, sublinhou, já depois de ter lembrado que é em Fátima que estão as relíquias e os túmulos das crianças mortas. O bispo de Leiria-Fátima, António Marto, também sentiu uma “indescritível alegria” que considera ser compartilhável por todos os que “reconhecem nos pastorinhos o exemplo luminoso de um caminho de santidade que, através do Imaculado Coração de Maria, nos conduz até Deus”. 

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