Museu Judaico em Alfama vai ter "comissão de acompanhamento"

O objectivo é tentar conciliar as críticas da população ao projecto arquitectónico e os compromissos já assumidos para a criação do museu.

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Uma das preocupações dos moradores é a de que o futuro museu pode pôr em causa o arraial de Santo António no largo. É um receio infundado, diz Esther Mucznik nuno ferreira santos

A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior propôs à Câmara Municipal de Lisboa a criação de uma "comissão de acompanhamento" do Museu Judaico, cuja construção está prevista para o Largo de São Miguel, em Alfama. A proposta foi feita na quinta-feira à noite durante uma reunião com a população destinada “a desmistificar algumas desinformações” sobre o museu, de acordo com uma assessora da junta.

Vários moradores de Alfama, a que se juntam membros do Fórum Cidadania Lx e a comissão organizadora do Fórum do Património 2017, estão contra o projecto arquitectónico do museu, que contempla uma fachada com a Estrela de David em baixo-relevo e caixilharias em alumínio. Uma linguagem que “corta com a tradição do bairro”, acusa Maria de Lurdes Pinheiro, da Associação do Património e População de Alfama (APPA).

“As pessoas mostraram o seu repúdio face à construção de um museu naquele largo”, diz Maria de Lurdes sobre a reunião de quinta. “Quando não se discute com as pessoas dá mau resultado”, considera a dirigente associativa, que vê com bons olhos a criação desta comissão de acompanhamento – embora não se saiba bem o que dali vai resultar.

“Vamos reflectir sobre o que é que se pode fazer de modo a manter os compromissos e a corresponder ao sentido [da opinião] das pessoas”, explica Esther Mucznik, da comissão instaladora do Museu Judaico. “Foi importante esta reunião, as pessoas puderam dar a sua opinião. Aquilo que tentámos dizer foi que o museu, de maneira nenhuma, vai destruir a tradição de Alfama”, diz a investigadora em temas judaicos, que afiança que o grupo de trabalho agora proposto em nada vai atrasar os trabalhos necessários à criação da futura exposição.

“O que acho que é importante nesse grupo de trabalho é haver diálogo com a população”, afirma Esther Mucznik. “As pessoas ficaram cheias de esperança. Vamos continuar atentos”, garante Maria de Lurdes Pinheiro.

Na reunião, promovida pelo presidente da junta Miguel Coelho, estiveram presentes a autora do projecto, o director municipal de Urbanismo, o director-geral da Associação de Turismo de Lisboa, um arquitecto da Direcção-Geral do Património Cultural e ainda a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa. Cabe agora a Catarina Vaz Pinto formalizar a criação da dita comissão de acompanhamento.

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