Controlo das multidões será principal preocupação das polícias na visita do Papa

O facto de esta viagem ser meramente apostólica, e de Francisco não estar na qualidade de chefe de Estado, facilita operação de segurança.

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Francisco não visitará nem Lisboa nem o Porto. LUSA/Serena Campanini
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O ex-secretário-geral do Sistema de Segurança Interna Mário Mendes aponta "o controlo das multidões" como a principal questão para gerir pelas polícias portuguesas durante a visita do Papa a Fátima.

"Neste tipo de operações de segurança, a questão fundamental é o controlo das multidões, quer do ponto de vista da segurança em geral, quer da própria segurança das pessoas que integram as multidões", diz Mário Mendes, que era secretário-geral do Sistema de Segurança Interna em Maio de 2010, quando Bento XVI visitou Portugal.

Isto implica, segundo Mário Mendes, "uma articulação muito grande entre as forças de segurança e as forças de socorro e de apoio", nomeadamente Instituto Nacional de Emergência Médica, Direcção-Geral de Saúde e bombeiros.

"Há necessidade de ter a postos qualquer tipo de assistência que seja necessária em acidentes que acontecem naturalmente neste tipo de grandes eventos", afirmou, recordando que esta articulação foi feita em 2010, quando Bento XVI visitou Lisboa, Fátima e Porto. O antigo secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, que coordenou a operação de segurança em 2010, sublinhou que o modelo de visita do Papa Francisco a Fátima, 12 e 13 de Maio, é diferente da que foi efectuada por Bento XVI, o que facilita a operação de segurança.

"Em 2010, a visita foi simultaneamente oficial, de chefe de Estado, e religiosa. A visita de Maio é simplesmente apostólica, dirige-se especificamente à cerimónia religiosa, além de não visitar Lisboa e Porto, que foram preocupações acrescidas", assinala.

Mário Mendes refere que, além da segurança do santuário, as polícias vão ter como principal problema o "controlo de multidões", que será um "trabalho quase de assistência psicológica e física às pessoas".

No âmbito da operação de segurança, Mário Mendes destaca também "os aspectos ligados à segurança pessoal do Papa". Tal como sucedeu em 2010, tem que existir "uma articulação muito grande entre as forças de segurança e protecção pessoal portuguesas com os elementos da protecção pessoal do Vaticano".

"Há um outro factor importantíssimo que é a recolha de informação, quer a que se coloca em termos das forças policiais, quer a que resulta da actividade dos serviços de segurança", observa, avançando que, em 2010, "havia uma sala de situação que controlava diariamente o tipo de informação que ia chegando e que podia levar a um aumento do grau de segurança".

De acordo com o antigo secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, na sala de situação estão presentes elementos de todas as forças e serviços de segurança, além da emergência médica e Protecção Civil. Apesar de em 2010 as fronteiras não terem sido fechadas, como acontecerá em Maio, Mário Mendes diz que existiu um reforço da vigilância das entradas, nomeadamente nos comboios internacionais que se dirigiam para Portugal, aeroportos e zonas portuários.

"Este trabalho desenvolvido pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e GNR foi fundamental", afirmou, avançando que terá também que ser reforçado o controlo aeronáutico sobre o recinto e a zona onde o Papa se vai deslocar.

Mário Mendes adianta ainda que, a 12 e 13 de Maio, existirá no santuário de Fátima um grande dispositivo de segurança, destacando também o sistema de videovigilância, que em 2010 já existia em Fátima, e que considera um "posto de controlo que está permanentemente atento a tudo".

Um despacho governamental publicado em Diário da Republica a 23 de Janeiro indica que o santuário do Fátima e a área envolvente vão dispor de um sistema de 11 câmaras de videovigilância para a prevenção de crimes e actos terroristas.