FBI mordeu os calcanhares e agora não larga conselheiros de Trump

Investigadores ouvidos pela CNN dizem que estão a centrar-se na possibilidade de elementos da campanha de Donald Trump terem colaborado com o Governo russo para prejudicarem Hillary Clinton.

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Há pelo menos quatro pessoas próximas de Trump sob investigação Eric Thayer/Reuters
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Não há nenhuma indicação de que Donald Trump esteja a ser investigado MICHAEL REYNOLDS/EPA
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Michael Flynn foi forçado a demitir-se ao fim de três semanas como conselheiro de segurança nacional Carlos Barria/Reuters
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Sergei Kisliak, embaixador da Rússia em Washington (ao centro), conversou com Michael Flynn Raheb Homavandi/Reuters
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John Podesta, director de campanha de Hillary Clintonm viu os seus e-mails divulgados pela Wikileaks Brian Snyder/Reuters

Não há provas de nada, nem acusações formais, mas o cerco está a apertar-se à volta de várias pessoas que trabalharam na campanha de Donald Trump. Depois de o próprio director do FBI ter revelado que está a investigar possíveis ligações entre a equipa de Trump e o Governo russo, a CNN diz que as informações sugerem a existência de um plano coordenado para prejudicar a campanha de Hillary Clinton.

A notícia da estação norte-americana cita apenas fontes anónimas, referidas como "altos funcionários norte-americanos" – um facto que levou vários apoiantes de Donald Trump a repetir a acusação de que a CNN só publica notícias falsas. A Casa Branca não se pronunciou sobre a notícia, e o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, diz que não comenta "uma peça de informação sem quaisquer fontes".

Ninguém do FBI poderia falar sem ser sob a condição de anonimato, porque a investigação está em curso e é uma das mais sensíveis das últimas décadas – se um dia se provar que houve mesmo colaboração entre elementos da equipa de Donald Trump e o Governo russo para interferir nas eleições presidenciais, os acusados terão, no mínimo, de responder nos tribunais por terem mentido a agentes federais durante uma investigação, o que é um crime federal.

Segundo a CNN, um dos agentes ouvidos sob a condição de anonimato disse que as informações disponíveis indicam que "pessoas ligadas à campanha [de Donald Trump] estiveram em contacto [com agentes russos] e parece que estavam a dar o seu aval à divulgação de informação". Outros agentes ouvidos pela CNN dizem que é prematuro estabelecer essa ligação.

Em causa está a divulgação pela organização Wikileaks de e-mails do órgão que coordena o Partido Democrata e do então director de campanha de Hillary Clinton, John Podesta, numa acção que as autoridades norte-americanas atribuem ao Governo russo e que Julian Assange nega.

No fundo, a notícia da CNN reforça o que o director do FBI, James Comey, disse na passada segunda-feira na Comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes. Nessa audição, Comey disse que tinha sido autorizado pelo Departamento de Justiça a fazer um raro anúncio público – confirmar que está em curso uma investigação.

A CNN diz agora que o FBI está centrado em informações recolhidas por espiões, viagens, registos de chamadas telefónicas e actividades empresariais, e também relatos sobre reuniões entre as pessoas que estão a ser investigadas.

Nem James Comey nem ninguém de outros departamentos ou agências norte-americanas indicou os nomes das pessoas que estão a ser investigadas neste caso, mas é sabido que as autoridades estão a investigar pelo menos quatro antigos colaboradores de Donald Trump durante a campanha eleitoral e não só.

Um deles é Paul Manafort, director de campanha de Trump durante cinco meses, entre Março e Agosto de 2016, e antigo conselheiro do ex-Presidente ucraniano pró-russo Viktor Ianukovich.

Sob investigação está também Michael Flynn, conselheiro de segurança nacional da Administração Trump durante três semanas, antes de ter sido forçado a demitir-se devido à revelação de que falou por telefone com o embaixador da Rússia em Washington, Sergei Kisliak – Flynn terá dado a entender a Kisliak que a Administração Trump poderia travar as últimas sanções impostas por Barack Obama à Rússia, mas quando essa conversa foi revelada, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, disse que Flynn não o pôs ao corrente desse assunto em particular quando o informou sobre as conversas com o embaixador russo.

Outro suspeito é Roger Stone, um experiente lobista conhecido pelos seus truques sujos, muito próximo de Donald Trump durante a campanha, e que revelou ter estabelecido um canal de comunicação com o fundador da Wikileaks, Julian Assange, para obter informação sobre Hillary Clinton. Esta quinta-feira, Stone pediu a Donald Trump que demita James Comey da direcção do FBI.

Por último surge Carter Page, conselheiro de política externa durante a campanha de Donald Trump, publicamente pró-russo, e investigado por possíveis contactos com personalidades russas sancionadas pelos Estados Unidos.

Na audiência em que revelou que as possíveis ligações entre elementos da campanha de Trump e o Governo russo estão a ser investigadas, o director do FBI respondeu também a uma pergunta de um dos congressistas sobre se seria suficiente lançar uma investigação com base numa fotografia, na presença de alguém numa conferência ou numa viagem a um qualquer país: "A norma é que deve existir uma alegação credível sobre uma infracção ou uma base razoável para se acreditar que um americano está a actuar como agente de uma potência estrangeira", respondeu James Comey.

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