Petição contra o peso das mochilas vai ser analisada pelo Parlamento
Objectivo é o de avançar com uma iniciativa legislativa que tenha o acordo dos vários grupos parlamentares.
A Comissão Parlamentar de Educação e Ciência decidiu criar nesta terça-feira um grupo de trabalho para analisar a petição contra o peso das mochilas escolares, entregue no Parlamento em Fevereiro, depois de ter reunido mais de 40 mil assinaturas.
Na reunião desta terça-feira da comissão o deputado do PSD Amadeu Albergaria propôs aos restantes grupos parlamentares que fosse feita uma proposta de iniciativa legislativa com o contributo de todos.
Do debate entre os deputados, onde foi consensual a ideia de encurtar prazos, surgiu a proposta de Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, de criação de um grupo de trabalho para a audição dos peticionários e discussão do tema. A proposta foi aprovada.
A petição pública “Contra o Peso Excessiva das Mochilas Escolares em Portugal” foi lançada em Janeiro, 13 anos depois de um estudo da associação de defesa dos consumidores DECO ter identificado que mais de metade das crianças dos 5.º e 6.º anos de escolaridade transporta peso a mais nas suas mochilas escolares.
Os signatários desta petição, que tem o apoio de directores das escolas, pais, especialistas em ortopedia, entre outros, pedem urgência na resolução do problema. Propõem, entre outras medidas, que se legisle no sentido de definir que o peso das mochilas escolares não deve ultrapassar os 10% do peso corporal das crianças, tal como sugerido por associações europeias e americanas.
Na petição defende-se a obrigatoriedade de as escolas pesarem as mochilas das crianças semanalmente, de forma a avaliarem “se os pais estão conscientes desta problemática e se fazem a sua parte no sentido de minimizar o peso que os filhos carregam”.
A existência de cacifos em todas as escolas públicas e privadas para que os alunos possam deixar alguns livros e cadernos, evitando transportar tanto peso nas mochilas, e a utilização por parte das editoras de papel de menor gramagem na elaboração dos manuais são algumas das propostas apresentadas pelos signatários da petição.
Sugerem igualmente que as editoras possam criar livros escolares divididos em fascículos retiráveis segundo os três períodos escolares e que os conteúdos dos manuais sejam o mais concisos e sintéticos possível.
Entretanto a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros manifestou-se solidária com a preocupação e diz que os editores escolares “têm investido bastante na procura das melhores soluções no que diz respeito aos manuais”.
As associações de pais e os directores de escolas defendem que o ideal seria a aposta nos livros digitais para aliviar o peso nas mochilas dos alunos, mas até lá concordam que o aumento do número de cacifos nas escolas já ajudava.