Petição contra mochilas pesadas chega sexta-feira ao Parlamento
Editores e livreiros manifestam "total abertura para colaborar na definição das melhores soluções."
Os responsáveis da petição contra o peso das mochilas escolares, que já reuniu mais de 40 mil assinaturas, vão entregar o documento no parlamento na próxima sexta-feira, disse o primeiro signatário, o actor José Wallenstein.
A petição foi lançada no passado mês de Janeiro, 13 anos depois de um estudo da associação de defesa do consumidor Deco ter identificado que mais de metade das crianças dos 5.º e 6.º anos de escolaridade anda sobrecarregada. Os signatários do documento, que tem o apoio dos directores das escolas, pais, especialistas em ortopedia, entre outros, pedem urgência na resolução do problema.
Propõem, entre outras medidas, que se legisle no sentido de definir que o peso das mochilas não deve ultrapassar os 10% do peso corporal das crianças, tal como é sugerido por associações europeias e americanas.
Defendem a obrigatoriedade de as escolas pesarem as mochilas das crianças semanalmente, de forma a avaliarem "se os pais estão conscientes desta problemática e se fazem a sua parte no sentido de minimizar o peso que os filhos carregam".
"Para tal, cada sala de aula deverá contemplar uma balança digital, algo que já é comum em muitas escolas, devendo ser vistoriada anualmente", acrescentam os signatários.
A existência de cacifos nas escolas públicas e privadas para que os alunos possam deixar alguns livros e cadernos, evitando transportar tanto peso nas mochilas, e a utilização por parte das editoras de papel de menor gramagem na elaboração dos manuais são algumas das propostas que apresentam.
Sugerem igualmente que as editoras possam criar livros escolares divididos em fascículos amovíveis à medida que o ano lectivo avança e que os conteúdos dos manuais sejam o mais sintéticos possível.
Numa nota enviada na semana passada às redacções, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros manifestou-se solidária com a iniciativa e diz que os editores escolares "têm investido bastante na procura das melhores soluções no que diz respeito aos manuais".
"Ao longo dos últimos anos tomaram algumas medidas, como a divisão de alguns dos seus manuais em dois ou três volumes, pese embora isso constitua um acréscimo adicional nos custos de produção que não se reflecte no preço final", refere a APEL.
Outra das medidas apontadas pela associação é o investimento noutras soluções, para além da criação de volumes, "tais como o tipo de papel, utilizando papéis mais leves, sem nunca afectar a qualidade dos manuais e a sua utilização plena, nomeadamente no que concerne à leitura".
Os editores e livreiros manifestam ainda a "total abertura e disponibilidade para colaborar na definição das melhores soluções" e dizem que irão continuar a "fazer tudo o que estiver ao seu alcance para responder à questão do peso das mochilas e minimizar ao máximo as consequências negativas no presente e no futuro dos alunos".
As associações de pais e os directores de escolas defendem que o ideal seria a aposta nos livros digitais, mas dizem que até lá o aumento do número de cacifos nas escolas já ajudava.