Novas suspeitas sobre atribuição dos Jogos Olímpicos 2016 ao Rio de Janeiro
Justiça francesa não tem dúvidas de que o Brasil fez batota para garantir que seria o Rio a acolher a grande festa do desporto. Um homem de negócios brasileiro terá comprado o voto de um membro do COI por 1,5 milhões de dólares. Uma investigação do diário Le Monde.
Sucedem-se as revelações incómodas à volta dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Como se não bastassem o estado de degradação avançado em que se encontram vários dos recintos do evento e os escândalos que rodeiam a construção de alguns dos recintos, eis que se acrescentam à lista mais pormenores relativos às suspeitas de corrupção que recaem sobre a escolha da cidade para receber a grande festa do desporto.
O diário francês Le Monde revela esta sexta-feira que, apenas três dias antes de ter sido anunciada a atribuição dos Jogos ao Rio, a 2 de Outubro de 2009, um homem de negócios brasileiro terá transferido 1,5 milhões de dólares (1,4 milhões de euros) para a conta do filho de um influente membro do Comité Olímpico Internacional (COI), Lamine Diack, então presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês).
A Justiça francesa, que trabalha neste caso desde 2015, ano em que abriu um inquérito parlamentar motivado por suspeitas de corrupção na IAAF, terá provas concretas, ainda segundo o Monde, de que o Brasil fez batota ao longo do processo, promovendo a compra de votos de mais do que um dos membros do COI encarregues da atribuição assim que os seus nomes foram conhecidos.
Lamine Diack foi nessa altura acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e conspiração, ao passo que o seu filho, Papa Massata Diack, viu a Interpol emitir em seu nome um mandado de captura internacional.
Recorda o diário francês que nem a presença do então Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e da sua mulher, Michelle, que fizeram uma visita relâmpago a Copenhaga no dia em que o COI aí decidia que cidade seria palco dos Jogos de 2016, bastou para causar impacto na votação. A 2 de Outubro de 2009, Chicago (18) foi a menos votada das quatro cidades candidatas, numa lista que, à primeira volta, tinha Madrid (28) à cabeça, seguida do Rio (26) e de Tóquio (22). Mas, na segunda oportunidade que os membros tiveram para votar, o Rio passou à frente, vencendo em seguida a terceira e última ronda depois de Tóquio ter sido eliminada - ganhou a Madrid por 34 votos (66 contra 32).