Cartas ao Director

Em política não pode valer tudo!

Quando o primeiro-ministro de Portugal, ao saber por uma investigação jornalística e posterior confirmação do Ministério das Finanças, que 10 mil milhões de euros não haviam sido fiscalmente tratados pela Autoridade Tributária, o seu primeiro dever é apurar junto dos serviços o que se passou, e só depois tirar as devidas consequências. Não pode nem deve acusar o anterior primeiro-ministro de voluntariamente ter decidido que uma tão avultada quantia ficasse fora do controlo fiscal, o que constituiria um grave crime.

Também o presidente da Assembleia da República não pode condicionar ou dificultar a vida das comissões de inquérito do Parlamento, quer na condução dos seus trabalhos actuais, quer na constituição de novas comissões. Nunca um anterior presidente da AR, mesmo de cor política socialista, ousou intrometer-se no livre trabalho dos deputados e das comissões por eles criadas. Isto é um claro indício de funcionamento irregular de um orgão de soberania.

Logo na sua tomada de posse, este presidente da AR fez um discurso partidário, em que mostrou claramente que era presidente só dos deputados que o elegeram, e nunca um presidente de todos, imparcial e digno. Como é que os sindicatos, os patrões hão-de respeitar estes políticos? Como é que se dá o exemplo, para os sacrifícios que virão aí, para mantermos o país a salvo de novo resgate? Em política não pode valer tudo.

O Presidente Marcelo tem aqui muito trabalho no seu magistério de influência. E sobretudo porque os actuais primeiro-ministro e líder do maior partido da oposição transformaram as suas naturais divergências políticas numa questão pessoal. O país agradeceria que resolvessem essa questão, ou então dessem o lugar a outros…

Manuel Martins, Alandroal

Confiar em quê?

 O primeiro-ministro disse, no início das suas funções, que era necessário restituir a confiança aos portugueses. Palavras acertadas. Mas, salvo erro em 1912, um grande e luxuoso navio foi lançado à água. Julgo que em momento algum os passageiros, seduzidos pelas aparências, terão duvidado da falta de condições de segurança do Titanic. Eles estavam cheios de confiança...

Na política económica, ainda é sensata a confiança? Na minha modesta opinião, a resposta tem de ser afirmativa. Se assim não fosse, seríamos tentados a desanimar, alguns talvez até a pegar numa corda, ou a atirarem-se de uma ponte, como aquele mexicano expulso dos EUA.

Numa situação de pânico, em geral os que mais se enervam são os maiores candidatos a tomar as decisões erradas. Se um barco está a meter água e inclinado (adornado) junto ao cais, a tendência é irem todos para esse lado, agravando a situação...

Gente de pouca fé, não foi o Fernando Santos que "garantiu" que Portugal iria ser campeão europeu?

Antides Santo, Leiria

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