Jorge Paiva, um legado de dedicação e excelência na botânica portuguesa
Reconhecido como comunicador de ciência e pelo admirável compromisso cívico, alia o vastíssimo conhecimento científico à abordagem humanista: é um dos últimos grandes naturalistas ativos no país.
A história da botânica na Universidade de Coimbra é marcada pelos contributos de algumas das figuras mais proeminentes da ciência portuguesa. O valioso acervo resultante de trabalhos de botânicos como Avelar Brotero, Júlio Henriques, Luís Carrisso, Rocha da Torre e Aurélio Quintanilha encontra-se salvaguardado no arquivo documental do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Universidade de Coimbra, instituição que tem procurado preservar e promover este excecional património científico e cultural, desenvolvendo projetos contínuos de digitalização e organização que asseguram a sua valorização e acessibilidade global.
Embora as grandes expedições botânicas tenham no essencial terminado na década de 1960, em parte devido ao conflito colonial e à subsequente independência das nações africanas de língua oficial portuguesa, a ligação entre a botânica portuguesa e o estudo da flora africana permanece crucial para o avanço desta área científica. Nesse sentido, o DCV não apenas conserva um vasto arquivo histórico e documental, mas também um legado vivo de conhecimento e experiência sobre a flora africana, personificado pelo Doutor Jorge Paiva. Investigador desde finais da década de 1950 e ainda extraordinariamente ativo, Jorge Paiva é um testemunho vivo e direto das expedições botânicas – desde as suas primeiras missões a Angola e Moçambique em 1959, sob o patrocínio da então Junta de Investigação Ultramarina, até à sua recente expedição a São Tomé e Príncipe. Reconhecido pelo seu trabalho como comunicador de ciência e pelo seu admirável compromisso cívico, Jorge Paiva alia um vastíssimo conhecimento científico a uma profunda abordagem humanista, tornando-se um dos últimos grandes naturalistas ativos no nosso país.
Jorge Paiva é um verdadeiro ícone da botânica portuguesa, cuja trajetória reflete uma vida de dedicação e paixão por esta ciência. A sua notável carreira, iniciada nos anos 1950, revela uma firme aposta no estudo da flora, particularmente em África, onde as suas expedições em Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe contribuíram significativamente para o avanço do conhecimento global sobre a biodiversidade vegetal. Muito mais do que um investigador, Jorge Paiva é um naturalista no mais pleno sentido do termo, combinando uma vasta bagagem científica com um respeito profundo pelo património natural. A sua abordagem holística, aliada a uma capacidade singular de comunicar ciência, inspirou sucessivas gerações, reafirmando o papel fundamental das ciências naturais na sociedade contemporânea.
Para além de se destacar como cientista, Jorge Paiva é um humanista cuja energia contagiante transcende os limites da academia. O seu trabalho como divulgador de ciência e defensor de causas ambientais e sociais posiciona-o como um verdadeiro embaixador da ciência e da cidadania. Mais do que um guardião do passado botânico, Jorge Paiva é uma figura do presente, que utiliza a sua vasta experiência para moldar um futuro mais sustentável e consciente; um exemplo humano e intelectual, que o Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra orgulhosamente preza e cuja influência vai muito para além desta instituição. Bem haja, Jorge Paiva, pelo seu contributo inestimável à ciência e à sociedade!
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico