PCP também quer pôr ponto final no “folhetim” da Caixa
Jerónimo de Sousa voltou a acusar o PSD de ter o objectivo "escondido" de querer privatizar o banco
O secretário-geral do PCP criticou o PSD por fazer da Caixa Geral de Depósitos (CGD) uma "arma de guerrilha" e juntou a sua voz à do Presidente da República e à do primeiro-ministro que querem ver este assunto encerrado. Perante a insistência dos jornalistas sobre se os SMS entre o ministro das Finanças e o antigo presidente do banco devem ser revelados, Jerónimo de Sousa disse não querer alimentar mais o “folhetim” em torno do banco público.
Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas sobre a constituição de uma nova comissão de inquérito sobre a CGD no final da reunião do Comité Central do PCP, que decorreu este domingo.
Depois de um discurso em que referiu aspectos da política internacional e nacional, nomeadamente a nível económico, o secretário-geral do PCP foi confrontado com as perguntas dos jornalistas sobre se o ministro das Finanças deveria revelar os sms trocados com o antigo presidente da CGD. "Eu fico imensamente preocupado, depois te ter procurado dizer coisas sérias - pelos vistos não consegui -, que continue este folhetim da CGD. A direita está a conseguir o objectivo. Não queremos alimentar mais este folhetim, tendo em conta os objectivos que a animam", respondeu. Tanto Marcelo Rebelo de Sousa como António Costa têm tentado dar o caso como encerrado e não tendo comentado a intenção de PSD e CDS insistirem na revelação dos SMS.
Jerónimo de Sousa não deixou, no entanto, de criticar o o partido liderado por Pedro Passos Coelho. “O PSD faz disto permanentemente uma arma de guerrilha e bate-se muito pela transparência... Nunca foi capaz de responder a uma acusação directa, a uma denúncia, em relação ao seu objectivo supremo em torno da Caixa Geral de Depósitos, que é a sua privatização. Quem esconde um objectivo principal não pode reclamar transparência", afirmou. O líder dos comunistas sublinhou que os inquéritos parlamentares são ferramentas “a defender desde que respeitem as exigências da Constituição e da lei”.
Defendendo que o objectivo é “manter o controlo público da CGD”, Jerónimo de Sousa não deixou de criticar também os socialistas: “PSD e CDS têm o posicionamento que têm também muito animados pelos erros de condução deste processo por parte do Governo PS".
Portugal “vulnerável”
Na análise que fez da conjuntura externa, Jerónimo de Sousa identificou fragilidades para Portugal. “Não é possível iludir a vulnerabilidade de Portugal face a uma conjuntura externa que não determina nem está preparado para enfrentar. Variáveis como as do preço do petróleo, da cotação do euro e do dólar ou pressões sobre o abastecimento alimentar e energético pendem sobre o país como séria ameaça, afirmou o líder comunista, considerando que Portugal também está “dependente das opções do BCE e da chantagem das agências de notação financeira”.
Em ano de eleições autárquicas, o PCP assume que, nesta fase, com o apoio parlamentar ao Governo PS, “ganha maior importância a afirmação distintiva do projecto CDU, o carácter diferenciador das suas propostas” como alternativa “clara” à gestão e projectos “de outras forças políticas, sejam PSD e CDS, sejam PS ou BE”. Jerónimo de Sousa apontou como objectivo eleitoral aumentar o "número de eleitos".