Cartas ao director
Parto e Eutanásia
Em entrevista ao PÚBLICO de dia 14/02/2017 responde João Semedo a propósito da inclusão da eutanásia na prática médica: “O parto natural é algum tratamento? Mas é um acto médico.”. Sem querer ofender o senso clínico do meu respeitável colega, é bom lembrar-lhe que em qualquer parto pode haver complicações, fatais ou não, tanto para a mãe como para a criança.
O mesmo se pode afirmar da IVG em relação à mulher. Ora quanto à eutanásia o perigo para a vida é o objectivo e a complicação será a vida. Portanto, meu caro Dr. João Semedo, não consigo ver a tal "avaliação objectiva, racional" que invoca na mesma entrevista para acusar de "leviandade e superficialidade" a Ordem dos Médicos nas pessoas dos seus "bastonários".
Miguel Jara, Lisboa
Zombies e cuidados paliativos?
No PÚBLICO de 14/02/2017 há uma entrevista ao Dr. João Semedo. Uma das partes intitula-se “Há quem não queira morrer como um zombie”. A certa altura, segundo o texto, o Dr. João Semedo afirma sobre os cuidados paliativos, “…, vai-se insistindo na analgesia, na sedação e, à medida que se vai fazendo isso, está-se a acelerar a chegada da morte.” A esta afirmação o jornalista observa “Os especialistas em cuidados paliativos dizem que não é assim que as coisas se processam”. E o Dr. João Semedo responde “Isso está mais do que demonstrado, há dezenas de estudos científicos e clínicos que o provam.”
É sobre esta afirmação que gostaria de pedir um esclarecimento, já que sendo médico e dedicado à área dos cuidados paliativos, muito me interessaria que o Dr. João Semedo me indicasse um só que apoie essa afirmação. É que os que eu conheço sugerem ou demonstram que se passa precisamente o contrário, isto é, muito doentes vivem mais tempo com a intervenção dos cuidados paliativos. Peço então este favor ao Dr. João Semedo para meu esclarecimento.
Gostaria que me esclarecesse sobre outro ponto do artigo. Quando fala de zombies, está-se a referir aos doentes em cuidados paliativos?"
Ferraz Gonçalves, Maia
Linha ferroviária Aveiro-Vilar Formoso
O PÚBLICO revelou os planos ferroviários do governo onde era referida a falta de decisão sobre uma nova linha para mercadorias entre Aveiro e Vilar Formoso.
Lembro-me de há anos Carlos Tavares, CEO da Peugeot–Citroen, ter referido que para a sua fábrica de Mangualde desejava do governo ter a electricidade mais barata (em Portugal é 40% superior à França) e uma ligação ferroviária directa a Aveiro e Vigo.
Se requalificarem e electrificarem a Linha da Beira Baixa entre Covilhã e Guarda terão garantido todo o tráfego de mercadorias por Vilar Formoso.
No tráfego internacional de mercadorias ficará a faltar apenas o troço Évora-Caia e seria interessante a nova linha Sines-Grândola, parada pelo parecer desfavorável das populações.
Vitor Macieira, Lisboa