Mais de 400 baleias morrem na costa da Nova Zelândia
As autoridades neozelandesas estão a tentar salvar cerca de 100 baleias-piloto que encalharam mas ainda estão vivas.
Centenas de baleias morreram durante a madrugada desta sexta-feira, na Nova Zelândia, depois de terem ficado encalhadas em Farewell Spit, uma remota língua de areia em Golden Bay, na Ilha do Sul.
O Departamento de Conservação da Natureza neozelandês (DOC, na sigla inglesa) contabilizou 416 baleias-piloto encalhadas no local. De acordo com o Guardian, mais de 70% tinham morrido até ao início da manhã desta sexta-feira. Uma equipa do DOC está, neste momento, a tentar salvar as cerca de 100 baleias que ainda estão vivas. Os funcionários neozelandeses e os cerca de 500 voluntários que rumaram ao local conseguiram que quase todos os animais sobreviventes se soltassem do banco de areia pelas 10h30 (hora local), altura em que a maré estava alta. No entanto, durante a tarde, cerca de 90 baleias voltaram a dar à costa.
Agora, o DOC e os voluntários tentam manter as baleias vivas até à próxima maré alta, prevista para o meio-dia de sábado.
Peter e Ana Wiles foram dois dos primeiros voluntários a chegar ao local e descreveram o que encontraram ao Fairfax New Zealand: várias baleias mortas a flutuar, com as barrigas brancas à superfície, e o som discreto dos sobreviventes. "Foi uma das coisas mais tristes que já vi, tantas criaturas sencientes perdidas na costa", disse Peter Wiles.
Durante a manhã, o DOC pediu a potenciais voluntários que faltassem ao trabalho e à escola e se dirigissem, de imediato, para Farewell Spit, relata o Fairfax New Zealand. Pediu, também, que trouxessem toalhas, lençóis e baldes, para conseguirem manter os animais frios, húmidos e calmos.
O responsável pela equipa do DOC, Andrew Lamason, disse ao Guardian que este foi o maior grupo de baleias que deram à costa em Golden Bay. A zona é propícia a incidentes deste género, por causa das águas pouco profundas, mas normalmente registam-se casos isolados de uma ou duas baleias. Por ano, o DOC recebe em média 85 alertas para animais encalhados.
Lamason explica ainda que é normal que as baleias que dão à costa uma vez voltem ao mesmo local. Como são animais sociais, não gostam de se afastar do resto do grupo. "Estamos a tentar levá-las para o mar, guiando-as, mas elas não aceitam indicações, vão para onde querem. A menos que tenham um conjunto de líderes fortes que decidam ir para o mar, as baleias restantes vão tentar manter-se com o grupo na praia", disse ao Guardian.
Apesar de ser um acontecimento comum, o responsável alerta as pessoas mais sensíveis para que se mantenham longe da praia. A tarefa de voluntário, nestas situações, é emocionalmente desgastante: "Só conseguimos lidar com voluntários robustos, não com aqueles que vão colapsar, o que acontece com bastante frequência”.
Os corpos das 300 baleias mortas que ainda se encontram na praia serão encaminhados para o alto mar, mas, neste momento, a prioridade da equipa é manter as restantes baleias vivas.
As causas deste incidente, como noutros do género, não são claras. Há vários factores que potenciam esta situação, como a idade e a saúde de animais particularmente vulneráveis que se perdem e dão à costa. Neste caso, no entanto, e dadas as dimensões, o mais provável é tratar-se de um erro de navegação do grupo, que se aproximou da costa para encontrar comida ou para evitar cruzar-se com predadores como as orcas. De acordo com os dados do Project Jonah, um grupo que se foca no salvamento das baleias, a Nova Zelândia soma um dos maiores números de cetáceos encalhados: em média, 300 baleias e golfinhos dão à costa a cada ano.
Este é o terceiro maior incidente do tipo na história da Nova Zelândia. Em 1918, 1000 baleias deram à costa nas Ilhas Chatham e, em 1985, 450 deram à costa na Ilha da Grande Barreira, ao largo de Auckland. E só em 1840, mais de 5000 baleias e golfinhos deram à costa na Nova Zelândia, de acordo com os registos históricos do DOC. Em 2012, 22 animais morreram, nas mesmas condições, também em Farewell Spit.