O gato e o rato

É impressão minha ou a imprensa está a melhorar a olhos vistos? Dou comigo a passar mais tempo a ler o New York Times, o Financial Times,The Economist, e o Washington Post. Será que Trump repôs uma desconfiança saudável entre os poderes estabelecidos e os meios de comunicação social? Terão os oito anos de Obama abafado o espírito do contra que é o oxigénio do jornalismo?

Foi Les Moonves o primeiro a dizer, há um ano atrás, que "Trump pode ser mau para os EUA mas é óptimo para a CBS". Não é só para a CBS. E não é apenas em termos comerciais. Há uma nítida melhoria jornalística dos títulos mais favoráveis a Obama: estão mais acutilantes, mais esforçados e mais corajosos.

Talvez se possa já falar de um efeito Trump, largamente benéfico. Com Trump na Casa Branca os jornais começaram por ser ridiculamente defensivos mas, graças à atenção constante e agressiva que Trump lhes dedica, têm-se mostrado cada vez mais independentes. A falta de acesso e a hostilidade dos adidos e porta-vozes estão a fazer bem ao jornalismo político americano e europeu.

No jogo entre o gato e o rato que o poder político e os média estão sempre a disputar é bom lembrar que, havendo liberdade de expressão, o gato é a imprensa.

Não houve conivência entre Obama e os média dos EUA mas olhando para os órgãos de informação mais prestigiados é como se tivesse havido. Agora acabou-se. Está reposta a velha e clássica oposição. Pode, de facto, não ser bom para os EUA e para o mundo. Mas é bom para os jornais.

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