Morreu Mary Tyler Moore, a comediante que levou a mulher moderna para a TV

A actriz norte-americana morreu esta terça-feira aos 80 anos. Moore foi uma das estrelas maiores da comédia televisiva, venceu sete Emmys e recebeu a nomeação para um Óscar.

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A actriz e comediante iniciou o caminho do estrelato televisivo nos anos 60 e 70, surgindo como convidada em muitas séries Reuters/LUCY NICHOLSON

A actriz Mary Tyler Moore, de 80 anos de idade, morreu esta terça-feira, depois de ter sido internada no hospital de Greenwich, devido a um episódio cardiopulmonar provocado por uma pneumonia, dá conta o New York Times citando um comunicado de um representante da família.

Mary Tyler Moore foi uma das figuras centrais da televisão americana dos anos 1970, durante os quais o seu Mary Tyler Moore Show, que a RTP exibiu como As Solteironas, se tornou numa das séries de comédia mais aclamadas pelas audiências e pela crítica. A sua importância é comparável à de Uma Família às Direitas ou o Bill Cosby Show – a revista Time chamou-lhe “um dos programas que mudou a televisão americana” e definiu-a como “uma comédia sofisticada sobre adultos entre adultos a falar sobre coisas de adultos”. 

As Solteironas durou sete temporadas entre 1970 e 1977 e, proposta à cadeia CBS pela própria actriz, foi a primeira a centrar-se numa personagem feminina que era dona do seu próprio destino – uma solteirona trintona que se muda para Minneapolis e arranja emprego no noticiário de uma estação televisiva. Tyler Moore esteve também, através da sua produtora MTM, por trás de outras séries televisivas clássicas como A Balada de Hill Street ou Remington Steele.

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A actriz e comediante iniciou o caminho do estrelato televisivo nos anos 60 e 70, surgindo como convidada em muitas séries, mas tornando-se popular no Dick Van Dyke Show, entre 1961 e 1966, pelo qual venceu os seus dois primeiros Emmys, mas é por As Solteironas que é ainda hoje recordada. Foi nomeada para o Emmy de melhor actriz durante os sete anos em que a série esteve no ar, arrecadando três deles. 

Ao todo, venceu sete Emmy e foi nomeada para o Óscar de melhor actriz pelo seu papel no filme Gente Vulgar realizado por Robert Redford, pelo qual ganhou igualmente o Globo de Ouro. Foi um dos raros papéis da actriz no cinema, a par da comédia Millie, Rapariga Moderna (1967), onde contracenava com Julie Andrews, ou de um dos últimos filmes de Elvis Presley, Change of Habit (1969). Tyler Moore procurou repetidamente mostrar que era capaz de papéis dramáticos, chegando até a receber um Tony especial pela sua interpretação de uma paraplégica que leva a tribunal o seu direito de morrer nos seus próprios termos na produção americana de 1980 da peça De Quem é a Vida, Afinal? de Brian Clark.

Mas nunca conseguiu afastar-se da sombra do Mary Tyler Moore Show. Pela primeira vez, os americanos puderam ver no pequeno ecrã a vida de uma mulher solteira e bem-sucedida na carreira. Retratando a mulher moderna, Moore ganhou o direito a ser considerada, juntamente com a série, um dos símbolos das lutas dos anos 1970 pelos direitos das mulheres. Continuou a trabalhar ao longo dos anos 1980 e 1990, em telefilmes ou como actriz convidada noutras séries; o seu único papel de distinção no cinema durante este período foi na comédia Flirting with Disaster, no papel de mãe adoptiva de Ben Stiller.

Natural do bairro nova-iorquino de Brooklyn, em Nova Iorque, Mary Tyler Moore nasceu em Dezembro de 1936. O pai era funcionário numa empresa que prestava serviços públicos e tentou, durante toda a vida, colocar em prática as suas aspirações empresariais, mas sem sucesso. O alcoolismo da mãe pode ter influenciado os seus próprios problemas com o álcool, levando mesmo ao seu internamento, no início dos anos 80, num centro de reabilitação na Califórnia.

Casou-se três vezes. O primeiro matrimónio, com Richard Meeker, com quem teve o seu único filho, terminou em 1961. No ano seguinte voltou a casar, desta vez com Grant Dicker, produtor televisivo que mais tarde se tornou presidente da NBC. O fim da relação deu-se em 1980 na sequência do momento mais difícil da sua vida: o seu filho Richard Jr., alvejou-se acidentalmente com uma arma e morreu dos ferimentos. Em 1983 casou-se pela terceira vez, com o cardiologista Robert Levine.

Moore sofreu, durante grande parte da vida, de diabetes tipo 1 e em 2011 foi submetida a uma cirurgia no cérebro para retirar um tumor benigno aí alojado.

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