Obama deixa para Trump a maior fatia de financiamento do Acordo de Paris
EUA comprometeram-se a doar três mil milhões de dólares ao Fundo Climático Verde, sendo que dois mil milhões são deixados para a próxima administração.
A três dias de deixar a Casa Branca, Barack Obama transferiu 500 milhões de dólares (cerca de 469 milhões de euros) para o Fundo Climático Verde, criado pela ONU para apoiar os países mais vulneráveis ao aquecimento global, assegurando assim a operacionalização do que foi decretado no Acordo de Paris.
O Fundo Verde Climático, criado em 2010, tem a contribuição dos países industrializados com o objectivo de ter um financiamento anual de 100 mil milhões de dólares (78 mil milhões de euros), para ficar operacional em 2020 de forma a apoiar os países mais ameaçados e mais pobres na atenuação às condições climáticas extremas. É um fundo que serve de mecanismo financeiro fundamental para a execução do Acordo de Paris, um tratado internacional assinado em 2015, que reúne o esforço colectivo para tentar conter a subida da temperatura do planeta acima de 1,5ºC.
Os EUA comprometeram-se a doar para o Fundo Climático Verde um valor de três mil milhões de dólares (aproximadamente 2,8 mil milhões de euros), sendo que esta transferência de Obama já era a segunda tranche – os primeiros 500 milhões foram transferidos há um ano –, pelo que mil milhões de dólares já estão garantidos. Fica agora a cargo do futuro Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumprir o acordo e transferir os restantes dois mil milhões de dólares.
O facto de Obama ter deixado um valor de dois mil milhões por transferir deixou preocupados muitos ambientalistas, que temem que o Presidente eleito do EUA abandone o Acordo de Paris e deixe de contribuir para este fundo. Mais de cem organizações e cerca de cem mil pessoas juntaram-se numa campanha que apelava a Barack Obama para que este transferisse não só os 500 milhões de dólares, mas os 2,5 mil milhões que restavam para responder ao compromisso feito pelo país.
“A administração Obama recusa-se a deixar que os barões do petróleo e que os que não estão preocupados com as alterações climáticas da equipa de Trump ditem como o mundo deve responder à crise do clima”, afirmou Tamar Lawrence-Samuel, o líder desta campanha citado pelo Guardian.